sábado, 18 de julho de 2009

Falta de informações assusta vizinhos de vítima no Rio

Gripe suína

Cléber Júnior (Agência O Globo)

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O Ministério da Saúde investiga mais seis possíveis mortes por gripe suína no país: cinco em Campinas (SP) e uma em Passo Fundo (RS). Com isso, subiria para 17 o número de óbitos causados pela doença. No Rio, a babá Márcia Regina de Souza, de 37 anos, tornou-se nesta segunda-feira a primeira vítima fatal do vírus H1N1. Entretanto, somente ontem, quatro dias após a sua morte, a Coordenadoria Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde foi à Favela do Guarda, em Del Castilho, no subúrbio carioca, onde ela morava, para orientar seus vizinhos.
Na comunidade, todos estão assustados não com a doença, mas com a falta de informações sobre o vírus. Segundo os moradores e vizinhos da babá, nenhum representante da secretaria esteve na comunidade para orientá-los durante esse tempo. Uma equipe da secretaria chegou a ir à casa de Márcia no dia anterior, mas não procurou os moradores e foi embora, sem dizer nada sobre o vírus. Ela morreu no Hospital Vital, no Engenho Novo.

Perguntado sobre a demora de se enviar técnicos ao local, o médico Edson Borga, do Programa de Saúde da Família, respondeu que a equipe da coordenadoria estava ali para desfazer o erro. Ele e outros dois colegas chegaram à comunidade por volta das 13h, horas após a imprensa ter constatado a falha.

— Viemos para recuperar o tempo e disseminar as informações sobre a doença — disse o médico Edson Borga, ontem à tarde, deslocado para o local com outros dois colegas.

— Primeiro, disseram que seria doença de coração. Depois, falaram em pneumonia. Foi tudo muito rápido e estamos com receio porque ninguém da secretaria veio falar com a gente — disse a adolescente Érica de Souza, vizinha de porta da babá.

Surpresa pelo motivo da morte

Além do receio, a surpresa pelo motivo da morte da moradora marcou o dia na Favela do Guarda.

— A gente acompanhava as notícias da doença em outros países e no Sul, mas ninguém imaginava que, de repente, esse vírus pudesse aparecer aqui no meio do subúrbio. Ainda mais porque ela nem viajou nem esteve com ninguém do exterior — contou o atendente Artur de Oliveira, morador da comunidade.

Outra vizinha de Márcia, a também babá Gilvanilda Soares, de 28, contou que a viu no último dia 5. As duas casas são separadas pela parede. De acordo com ela, Márcia parecia bem fisicamente. Os sintomas teriam surgido no dia seguinte:

— A gente se falou no domingo e ela estava bem. No dia seguinte, foi levada para o hospital. Foi uma grande surpresa.

Amigos e parentes monitorados

A Secretaria de Saúde informou que os representantes da coordenadoria se reuniriam com diretores de escolas da região para informar professores e pais de alunos sobre a doença. Além disso, parentes e médicos que tiveram contato com Márcia nos últimos dias e colegas de trabalho de Deusdete estão sendo monitorados.

Funcionário da Petrobras, Deusdete de Souza, marido de Márcia, está de licença médica. A casa está trancada e, segundo amigos, ele estaria hospedado com colegas.

Paciente usa máscara no PAM de Del Castilho. Foto: Cléber Júnior / Extra

Congestionamento no posto de saúde
Se na favela faltam informações, na unidade de saúde mais próxima sobram problemas. Localizado quase aos pés do Complexo do Alemão e próximo de outras favelas, o PAM de Del Castilho tem vivido dias lotados. Na entrada da emergência, um aviso orientava quem tivesse contato com infectados que pegassem uma máscara cirúrgica no posto para se proteger do contato direto com essas pessoas.

A comerciante Elimar Gonçalves de Souza, de 48, foi ao PAM e esperou por mais de cinco horas para se atendida. Gripada e com fortes dores de cabeça, ela chegou ao PAM às 7h. A direção do PAM informou que havia três clínicos e dois pediatras atendendo a população e que não estava medindo o número de pacientes que procuravam a unidade com suspeita de contaminação pela doença.

— A minha senha é a 121 e ainda estão atendendo o 60. Estou com febre e fortes dores de cabeça há uma semana e vim hoje procurar atendimento — contou ela, ao meio-dia.

Casos de Cidade - Extra Online

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