sábado, 4 de julho de 2009

Coronel prende cabo que agrediu menor no Gogó da Ema

Esporro na tropa

Enquanto o estudante João (nome fictício), de 14 anos, cuidava dos dois irmãos menores, na manhã desta sexta-feira (03), em sua casa, na Favela Gogó da Ema, em Belford Roxo, nas ruas da comunidade, 70 PMs de todos os batalhões da Baixada Fluminense — entre eles o cabo Alessandro Azevedo Bruno, do 39º BPM (Belford Roxo) — faziam uma operação de repressão ao tráfico. Por volta das 9h, as histórias de João e do cabo Bruno se cruzaram: segundo o adolescente, ele teve a residência invadida, foi agredido, torturado e humilhado pelo policial. Mas, ao contrário de outros casos de violência contra moradores de favelas — que acabaram na vala comum do esquecimento ou da impunidade —, desta vez a coragem de um pai e a presença de um oficial da Polícia Militar mudaram o rumo da história: o cabo foi identificado e, diante da tropa, recebeu voz de prisão e teve a arma recolhida pelo coronel Paulo César Lopes, comandante do 3º Comando de Policiamento de Área.

Assista ao vídeo da prisão do policial

Na 54ª DP (Belford Roxo), onde foi feito o registro do caso, João fez um relato emocionado do fato. Segundo o menor, o cabo Bruno entrou na casa perguntando por armas e drogas. Ao responder que ali não havia nada, o garoto disse ter recebido o primeiro tapa, do lado esquerdo do rosto. João afirmou que, logo depois, o policial colocou um saco plástico na sua cabeça, sufocando o garoto. O menor disse que ainda levou socos no peito e chegou a ficar desacordado.

Ao saber do episódio, o pai do menor, o autônomo Pedro (nome fictício), correu para casa. Quando o coronel Lopes chegou à entrada do Ciep Grande Othelo, dentro da comunidade, Pedro não hesitou em denunciar a agressão ao comandante, mesmo na presença do acusado. Assim que ouviu a queixa do morador, o comandante interrompeu a operação e ordenou que todos os policiais fossem convocados e ficassem perfilados no pátio do Ciep.

Quando o cabo Bruno foi finalmente identificado por um trêmulo e assustado João, Lopes deu voz de prisão ao praça. O PM preso foi autuado por abuso de autoridade.

— Polícia não é feita para dar porrada. Tem que respeitar para poder ser respeitado — disse o comandante.

Caso de Polícia - Extra Online

4 comentários:

Sandra Mara A. Bossio disse...

Que cidadania é essa, onde um relata ter sido violado em seus direitos, e o acusado dessa violação sofre constrangimento e humilhação por parte da autoridade?

E a cidadania do cabo PM Alessandro Azevedo Bruno, por que ela não foi respeitada? Por que ele não foi chamado, ouvido sobre o que teria acontecido, antes de ser preso, como comprovam as imagens do vídeo?

Será que apenas a palavra de um adolescente de 14 anos, sem quaisquer provas, é suficiente para colocar em cheque o trabalho de um profissional da segurança pública?

Que comandante é esse que constrange um policial e toda uma tropa dessa maneira? Por que a palavra do adolescente teve mais peso que a do policial, se não houve flagrante?

Pelas cenas gravadas e difundidas em todo mundo, o policial não teve direito a dizer uma palavra.

O oficial comandante perguntou: “É esse aqui? É? É isso aí. Vai ser autuado. Não tem problema nenhum.”

Depois disso, que tropa estará segura sob as ordens de um oficial que age dessa forma? Que agente da segurança pública terá tranqüilidade para exercer seu trabalho se, a qualquer acusação, sem indícios de provas ou flagrante delito, ele poderá ser constrangido e humilhado, diante de todos, por um comandante de operação?

Pergunto-lhes agora? E se o adolescente mentiu? Se contou ao pai o que jamais aconteceu? E se o cabo PM Bruno, do 39º BPM, foi desarmado e humilhado diante da mídia, autuado, para, após uma apuração séria e imparcial, se concluir que o adolescente disse tudo aquilo por não gostar de policiais?

Quem vai apagar da memória da mulher, dos filhos (se ele os tem), da mãe, dos amigos, dos companheiros de caserna do cabo PM Bruno, a truculência da prisão praticada por esse oficial comandante?

Enquanto todas as entidades de direitos humanos parabenizam o oficial comandante da operação policial na comunidade Gogó da Ema pela prisão do cabo PM Bruno, eu parabenizo a postura, o equilíbrio e a sensatez do tenente coronel PM José Luiz Nepomuceno Marinho, comandante do 39º BPM: “Tem de ter cautela. Não houve flagrante e qualquer um pode falar o que bem entender.

Como disse o comandante da operação em sua lição de cidadania: “Polícia, não é feita para dar porrada. Tem que respeitar para poder ser respeitado”. Mas, se os próprios comandantes de operação não respeitam seus subordinados, quem os irá respeitar?

Noticias em Destaque disse...

convido a todos que entrem nesta comunidade em apoio ao CB PM BRUNO.

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=91786470

marco disse...

Cade o contraditorio a ampla defesa e tudo aquilo que a constituição diz?
o Cb foi punido ou melhor humilhado sem nenhuma chance de se defender.

Pedro Rocha disse...

Eu ia escrever alguma coisa sobre o absurdo, mas já disseram tudo por aqui.