segunda-feira, 20 de julho de 2009

PMs admitem que podem ter atirado em carro de bancário aposentado, diz polícia

Aposentado foi baleado no braço no domingo (19), no subúrbio.
Polícia diz que ele não teria obedecido ordem de parar carro.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

Os dois PMs suspeitos de atirar contra o carro de um bancário aposentado no domingo (19), na Penha, subúrbio do Rio, admitiram na noite desta segunda-feira (20) que podem ter feito os disparos por engano nos pneus do automóvel da vítima. As informações são da Polícia Civil.

De acordo com o aposentado, que foi atingido no braço, ele e a mulher voltavam de uma festa na casa de amigos, quando perceberam que um carro da polícia militar vinha atrás, com as luzes acesas. Ele teria dado passagem ao veículo, mas os policiais continuaram seguindo o carro e, em seguida, atiraram.

A vítima contou, ainda, que, ao ver a viatura da PM, passou para a pista da direita.

“Para mim, não era eu o alvo. E eu saí, não saí disparado, apenas saí um pouco mais. Eu não estava a 60 km. Fui alvejado. Aí, imediatamente, parei o carro, liguei o pisca-alerta, aguardando os acontecimentos”, disse o aposentado, cujo nome foi preservado.

PMs não mandaram parar, diz esposa

A esposa do aposentado disse que eles não receberam ordem de parar o carro. “Tinha um policial embaixo da marquise e outro no viaduto com a arma apontada para o carro. Foi quando esse rapaz de bermuda que se dizia policial abriu o carro, ele disse que quando pede pra parar é para a gente parar, só que em nenhum momento eles fizeram sinal para a gente parar”, alegou.

A polícia alega, no entanto, que o aposentado não teria obedecido à ordem de parar o carro que dirigia, quando abordado por um carro da PM. De acordo com a polícia, em depoimento, os PMs afirmaram que perseguiram um outro veículo, com criminosos que teriam atirado.
“Os disparos de criminosos contra a viatura poderiam ter atingido o carro do cidadão”, disse o major Oderlei Santos, relações públicas da Polícia Militar.

PMs suspeitos de matar menino em Barros Filhos

Policiais militares também são suspeitos de balear uma criança, em Barros Filhos, no subúrbio, também no domingo. Testemunhas afirmaram, na manhã desta segunda, que o disparo que matou William Moreira da Silva, de 11 anos, enquanto ele soltava pipa, partiu de policias.

Segundo a família, ele brincava dentro de uma fábrica, na subida do Morro do Chaves, quando foi atingido na cabeça por uma bala de fuzil.

O comandante do 9º BPM (Rocha Miranda) esteve no local do crime. Ele ouviu moradores e PMs que patrulhavam a área. A polícia quer saber de onde partiu tiro que matou a criança.

Nesta segunda, manifestantes fizeram novo protesto na comunidade, com cartazes e fotos do menino, e pediram justiça. A PM esteve no local para impedir que moradores fechassem a via. A morte de William chocou os moradores.

O tenente-coronel Camilo Coelho afirmou que vai encaminhar as investigações para a delegacia.

Treinamento

O ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), Rodrigo Pimentel, afirmou que os casos do menino e do casal de aposentados mostram que ainda falta treinamento aos policiais.

"Isso era para ter terminado com a experiência do menino João Roberto, que não foi a primeira morte. Vale a pena lembrar o caso da engenheira Patrícia. A mudança que a sociedade espera é a policia ir à frente e dizer: 'Erramos. Estamos trabalhando para consertar'. E não está fazendo isso", disse.  
Para a cientista social Silvia Ramos, que atua no Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, é hora de dar um basta: "O policial tem que ter a orientação de que o mais importante é preservar a vida humana, seja de quem for, no asfalto ou na favela", afirmou.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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