sexta-feira, 1 de maio de 2009

Vizinhos dizem à polícia que jovem morta pela própria mãe era agredida em casa desde a infância

Isabel Boechat e Marcelo Gomes, Extra

RIO - A jovem Suzana Silva Magalhães, de 20 anos, morta pela própria mãe, Maria Glória Silva, de 45, seria vítima de maus-tratos da mãe desde a infância. A suspeita da polícia surgiu após depoimentos de vizinhos da vítima. Suzana foi enterrada ontem de manhã, no Cemitério de Irajá.

- Soube da morte de Suzana pelos jornais. Hoje (ontem) eu só quis enterrar minha filha. Ainda não fui à delegacia e não sei o que de fato ocorreu. Agora o que mais quero é esclarecer o que aconteceu - desabafou, ontem, Claudio Magalhães, pai de Suzana.

Bastante abatido, Claudio precisou tomar remédios para conseguir dormir após o enterro, segundo parentes.

Segundo o delegado Marcio Esteves, da 25a DP (Rocha), vizinhos contaram em depoimento que Suzana aparentava sofrer maus-tratos e que era sempre vista usando luvas de cozinha em casa. De fato, o corpo de Suzana apresentava muitas marcas de cortes nas mãos e punhos, além de escoriações. Ainda segundo vizinhos, a menina não estaria desaparecida há dois anos, como dissera Glória.

Maus-tratos?

- Quero saber se a mãe agredia as filhas ou se houve autoflagelação. Também quero descobrir se havia drogas no corpo de Suzana. O pó branco encontrado na casa, que seria cocaína, pode não pertencer à jovem. Impressiona a quantidade de hematomas em seu corpo.

Em seu depoimento, Maria Glória revela grande preocupação com a reação de Claudio, pai de suas filhas, caso ele soubesse de algo errado em sua casa. "Não contei a ele que a Suzana havia saído de casa. Ela não queria ser encontrada e respeitei isso. Não gostaria que ele soubesse que ela usava drogas e que eu não sabia o paradeiro dela", disse Glória na 25a. DP.

Glória descreveu Suzana como uma adolescente rebelde e admitiu que costumava dar "surras" na jovem por namoros escondidos e baixa frequência às aulas.

Glória contou ainda que passou a morar com as filhas depois que as gêmeas Suzana e Ana Paula completaram 9 anos. Na adolescência, Ana Paula preferiu morar com o pai: ficou com ele um ano, mas foi convencida pela mãe a voltar. A filha mais velha, Cristyanne, também deixou a mãe para morar com amigas.

Relações conturbadas com ex-namorados

Não era apenas com Suzana que Maria Glória tinha uma relação conturbada. Em maio de 2008, ela registrou na 26 DP (Todos os Santos) uma queixa de ameaça contra um namorado, com quem viveu durante seis meses. Em depoimento, Glória disse que foi ameaçada pelo homem após terminar o relacionamento. Ela teria decidido pôr um fim à relação após o namorado revelar que "já tinha trabalhado no tráfico de drogas no Complexo do Alemão". Segundo ela, o namorado teria lhe dito: "Vou pegar um por um da sua família".

Três meses após o fim do relacionamento, Ana Paula, filha de Maria Glória, também fez um registro de ameaça na 26a. DP contra o ex-namorado da mãe. Segundo Ana Paula, ao atender um telefonema do homem, ele teria dito que "ia dar um tiro" em sua cara e desligou.

Em 2003, Maria Glória fez um registro de lesão corporal na 25a. DP (Rocha) contra outro namorado. Ela contou à polícia que foi agredida a socos pelo companheiro, após mandá-lo sair de sua casa. Após a agressão, Glória teria ficado com hematomas no rosto e nos olhos, e foi ao hospital para ser medicada. Este relacionamento teria durado cerca de quatro anos.

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