sexta-feira, 8 de maio de 2009

Suspeitos de participar da morte de cobrador em ônibus são detidos

Segundo a polícia, três menores confessaram o crime durante depoimento.
Crime aconteceu na tarde de terça-feira (5) na Ilha do Fundão.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

 

A Polícia Civil deteve, na noite de quinta-feira (7), três adolescentes suspeitos de envolvimento na morte do cobrador Ubiraci Siquare dos Santos, de 29 anos. O crime ocorreu na tarde de terça-feira (5), na Ilha do Fundão, no subúrbio do Rio.

De acordo com o delegado Fernando Reis, da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), os menores foram localizados na favela Baixa do Sapateiro, na Maré, no subúrbio.

Em depoimento, os três adolescentes detidos, segundo o delegado Fernando Reis, confessaram participação no crime, mas afirmaram que nenhum deles era o autor dos disparos. Eles foram encaminhados para a sede da DPCA, no Centro do Rio.

Policiais da 21ª DP (Bonsucesso), responsável pelo caso, e agentes da DPCA realizaram uma operação na manhã desta sexta na Maré, para tentar localizar o autor dos disparos e outros suspeitos de participação no crime, que já teriam sido identificados. A polícia ainda não divulgou o resultado da operação.

Passageiros acusam PMs de omissos

Traumatizados, muitos passageiros que estavam no ônibus onde aconteceu o crime não tiveram forças para sair de casa para trabalhar ou estudar depois da tragédia que presenciaram.

Na memória, permanecia a cena de violência que  viram de perto e que também foi registrada pelo circuito interno de segurança do veículo.

Em estado de choque, numa tentativa desesperada de desabafar, alguns deles contaram com detalhes, por telefone ou e-mails para colegas de trabalho ou parentes, cada minuto daquela viagem de terror.
Numa dessas mensagens, um passageiro acusa policiais militares, que estavam em um posto na saída do Fundão, de não ter prestado socorro à vítima e nem mesmo realizar buscas nos locais indicados pelas testemunhas para onde os criminosos teriam fugido.
De acordo com o relato, os assaltantes desembarcaram na subida da ponte que sai do Fundão em direção a Avenida Brasil. Quando desceram do ônibus, mandaram o motorista arrancar com o veículo, ameaçando atirar. 

Motorista fez apelo desesperado

Por volta das 13h de terça, pelo menos cinco homens armados entraram no ônibus, pagaram a passagem e anunciaram o assalto quando o veículo passava pela Cidade Universitária - como é chamado o campus da Universidade Federal do Rio (UFRJ) da Ilha do Fundão. Segundo a polícia, um dos suspeitos atirou contra o cobrador, que não tinha reagido.

Em pânico, o motorista ainda conseguiu seguir com o ônibus até a passarela onde estava uma patrulha da PM. Mas, segundo o relato do passageiro, mesmo diante do apelo das pessoas de que havia um homem ferido no veículo e contar do assalto, o policial teria se recusado a entrar no coletivo e dito que não poderia fazer nada a não ser que fosse feita a identificação dos assaltantes, mandando que o motorista seguisse para o Hospital Geral de Bonsucesso (HGB).

Mais adiante, o motorista viu outra patrulha da PM e tentou ajuda mais uma vez. Mas teria recebido a mesma resposta do policial. O passageiro faz a ressalva de que, com a ajuda da polícia, a vítima poderia ter sido socorrida no hospital universitário Clementino Fraga Filho, ali mesmo no Fundão.
Ao chegar no HGB, o cobrador foi levado pelos passageiros até a emergência, mas já estaria morto. Segundo o relato, eles ainda teriam falado com os policiais que estavam em frente ao hospital e, mais uma vez, os militares teriam informado que a ocorrência não poderia ser feita por eles, sugerindo que ligassem para o número 190 (Emergência da PM) para pedir que uma patrulha fosse fazer o registro.

Procurado pelo G1 para responder às denúncias de omissão dos policiais, o setor de relações públicas da corporação mandou a seguinte resposta: ,"A PM prima pelo bom atendimento à população não havendo motivos razoáveis
que nos façam desviar dessa orientação."

Ônibus são principais alvos de assaltos

Em 20 de setembro de 2006, o prefeito da Cidade Universitária, professor Hélio de Mattos Alves, encaminhou um carta à Secretaria de Segurança Pública relatando os altos índices de assaltos a ônibus que circulam pela Ilha do Fundão.
De acordo com a mensagem, “as linhas 696A (integração Metro Del Castilho - Ilha da Cidade Universitária) e 485 (Leblon-Del Castilho via Ilha da Cidade Universitária) são alvos constantes desses assaltantes. Sem contar as ocorrências nos ônibus que fazem o transporte interno através da empresa Real Brasil”.
Segundo o alerta da prefeitura, com base em informações dos passageiros em depoimentos na 21º DP (Bonsucesso), apenas no mês de setembro daquele ano foram registradas 40 ocorrências na linha 696A.
O documento ressalta ainda que os assaltos ocorrem principalmente em alguns trechos do percurso: subida da Ponte Oswaldo Cruz e na Avenida Bento Ribeiro Dantas, no trecho que vai das favelas do Timbau, Pinheiros, Vila Esperança, Vila do João e Manguinhos.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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