sexta-feira, 8 de maio de 2009

Polêmica das lipos: Médica fez pelo menos 14 vítimas

Rio

O número de vítimas da clínica Prosilha cresce a cada dia. Até ontem, 14 mulheres haviam relatado problemas decorrentes de cirurgias de lipoaspiração realizadas pela médica Sheila Gonzalez. Dessas, oito denunciaram-na à polícia. Outras seis vítimas, não identificadas, foram atendidas pelo presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Sergio Levy, com os mesmos problemas. Todas haviam passado por intervenções na Prosilha, de propriedade da médica.

As deformações foram causadas principalmente em barrigas e costas, alvo das lipos. A médica é pediatra e exercia ilegalmente a profissão de cirurgiã. Todas as mulheres relatam o mesmo cenário na clínica: teias de aranha, baratas mortas, lençóis sujos de sangue e falta de aparelhos.

Clínica dos horrores na Ilha vai ser interditada

Quatro dias após a primeira denúncia publicada em O DIA, a Vigilância Sanitária Estadual anunciou que vai interditar a clínica Prosilha, na Ilha do Governador, onde mulheres submetidas a lipoaspiração sem condições de higiene e cuidados foram deformadas. Decreto com a interdição cautelar deve sair nos próximos dias no Diário Oficial.
Quarta-feira e ontem, mais cinco mulheres denunciaram na 37ª DP (Ilha) a médica Sheila Maria da Silva Pinto Gonzalez por danos ocorridos após lipo realizada pela pediatra, que se fazia passar por cirurgiã plástica. A delegada Leila Goulart a indiciou por lesão corporal grave e exercício ilegal da profissão. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público. Outras três vítimas já a denunciaram à 16ª DP (Barra), que também investiga o caso, pois várias pacientes foram encaminhadas à Prosilha pela unidade da clínica médica e estética Beleza Pura do bairro.
A comerciante A., 39 anos, fez duas lipos na Prosilha, em março e abril, na barriga e nas costas. Ficou com marcas na barriga como se fossem queimaduras: “Achei a clínica esquisita, mas vou fazer 40 anos e queria estar perfeita. Sou vaidosa. Não percebi o risco”.
A delegada disse que vai aguardar o resultado dos exames de corpo de delito para avaliar as lesões, mas confirma que o estado das vítimas é grave: “Elas apresentam os mesmos problemas das pacientes da médica que apareceram em O DIA. É um crime continuado, com o mesmo método”.

Policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública foram ontem à Prosilha, mas desde quarta-feira a clínica está fechada e ninguém atende ao telefone. Pela manhã, a equipe passou na Beleza Pura, na Barra, e intimou os donos, identificados como Paulo Roberto e Robson, para depor. Segundo a superintendente da Vigilância Sanitária Estadual, Natália Dias da Costa, a clínica já foi alvo de inspeções de rotina, mas não havia indício de que ali eram realizadas cirurgias estéticas.

O DIA ONLINE - RIO

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