sexta-feira, 14 de março de 2008

Detran manda para o 'forno' motos irregulares

Elas serão leiloadas apenas como sucata para coibir o mercado de venda ilegal de peças. Segundo a polícia, três mil motocicletas são roubadas por ano no estado do Rio.

Aluizio Freire Do G1, no Rio

Motos irregulares serão prensadas e vendidas como sucata (Foto: Aluizio Freire / G1)

O Detran-RJ vai jogar no "forno" cerca de seis mil motos para impedir que elas virem veículos do crime. Uma portaria assinada pelo presidente do órgão, Antonio Francisco Neto, determina que as motos que estiverem nos cinco pátios do departamento com algum tipo de irregularidade – principalmente sem o motor - serão leiloadas como sucata prensada. O objetivo é coibir o mercado ilegal de peças, o chamado "roubauto".

Segundo o Detran, um levantamento da polícia aponta que motos estão em quarto lugar entre os 51 mil veículos roubados no estado em 2007, atrás apenas de carros populares como os das marcas Uno, Palio e Gol.

Outros dados revelam que, de 2003 a 2007, cerca de três mil motos foram roubadas por ano no estado. De acordo ainda com o Detran, apenas no ano passado, a polícia apreendeu pelo menos 12 mil motos irregulares. Desse total, um terço, ou seja, quatro mil, teria sido usado para assaltos, roubos de carros e homicídios.A equipe do órgão descobriu um esquema que usava os leilões do Detran para "esquentar" as motos. “Recebemos algumas denúncias e constatamos que, nos leilões, as pessoas compravam motos para usarem as peças roubadas para colocar o veículo em circulação. Faziam isso sem levantar suspeitas, já que as motos leiloadas conservavam o número do Renavam no sistema do departamento. Com a nova medida, este número será extinto, o material leiloado não retornará às ruas e será destinado principalmente às siderúrgicas”, explicou Neto.

Peças roubadas
Ele afirmou ainda que o que chamou a atenção do órgão foi o fato de, após um levantamento, descobrir que um motor comprado numa loja, separadamente da moto, pode custar até o dobro de uma moto zero quilômetro do mesmo modelo. “Diante disso, não justifica a aquisição de uma motocicleta sem motor em leilões do departamento”, disse Neto. “Nossa finalidade é impedir que peças roubadas sejam aproveitadas nas motos leiloadas pelo departamento. Com isso, pretendemos inibir o roubo de motos no estado”, afirma o presidente do Detran. O delegado Ronaldo Oliveira, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Autos (DRFA), acredita que a medida pode contribuir com o trabalho da polícia e ajudar na queda dos roubos. “A moto é um veículo que dá agilidade e facilita a fuga dos criminosos pelos becos das favelas. É muito utilizada também para roubos e escolta de quadrilhas. Ou seja, é um instrumento para outros crimes”, analisa. Atualmente, nos cinco pátios do Detran, há aproximadamente seis mil motocicletas apreendidas pelos órgãos de trânsito. Desse total, estima-se que 15% tenham seus motores retirados, antes do leilão, por apresentarem irregularidades. Os leilões do Detran acontecem atualmente uma vez por mês e os veículos só são leiloados depois de permanecerem por mais de 90 dias nos depósitos, conforme determinação do Código de Trânsito Brasileiro.

Nenhum comentário: