domingo, 30 de março de 2008

Bolsa fraude:na plantação dos 'laranjas'

Marcelo Dias - EXTRA

A quadrilha que explorava o bolsa fraude na Assembléia Legislativa forjou tantos laranjas para se apropriar do pagamento do auxílio-educação que criou verdadeiros laranjais - áreas que concentram famílias vítimas do bando. Um deles fica na Rua Walter Ferreira, em Olaria, em Magé. Lá, três funcionários fantasmas com 18 filhos foram aliciados para trabalhar no gabinete de Jane Cozzolino (PTC). Em outros quatro locais, os aliciadores buscaram funcionários para o gabinete dela. Numa das ruas, um funcionário e uma funcionária tinham 16 filhos no total e dividiam a mesma casa, em Fragoso, distrito onde vive o clã Cozzolino (entenda como foi desmontado o esquema do bolsa fraude) .

Renata do Posto (PTB) também tinha seu laranjal. Ela tinha como funcionárias as gêmeas Arlete e Liete da Conceição Martins, que dividem um casebre na Estrada do Paraíso, em Guapimirim. Cada uma tem sete filhos. Renata ainda contratou auxiliares no mesmo lugar que João Peixoto (PSDC). No caso, as também irmãs Cristiane e Jaqueline Briggs, com 15 crianças. Elas moram em Vila Isabel, no Rio. Tucalo (PSC) também tinha como funcionárias as irmãs Dinéia e Ruth Martins Conceição, com sete filhos, na Estrada Rio-Nova Friburgo, em Cachoeiras de Macacu.

Vergonha na rua

Num dos laranjais de Jane, na Rua Carlos Franco, em Mauá, os vizinhos já sabem quem são fantasmas. Perguntada sobre Marcos Gomes Pereira, pai de cinco filhos, uma senhora disparou:

- Eles se metem nisso e agora têm vergonha de aparecer na rua!

- Meu filho é trabalhador, ganha R$ 380 e está construindo uma casinha dentro do mato. Se ele ganhasse isso tudo que dizem, não estaríamos aqui - diz a mãe dele, Euelis Pereira, diante da casa de dois andares onde mora, em que aluga um quarto e uma barraquinha no imóvel.

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