O Globo
RIO - O falso médico Alex Sandro da Cunha Silva, acusado pela morte da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, revelou à Justiça um esquema de contratação ilegal de estudantes para atuar como médicos em hospitais da Zona Oeste do Rio, inclusive com o uso de falsos carimbos. Ele afirmou em interrogatório que a médica Sarita Fernandes Pereira, responsável indireta pela morte da menina, era a responsável pelas entrevistas e contratações dos estudantes. O estudante, que atendeu a menina no Hospital Rio Mar, na Zona Oeste do Rio, e lhe deu alta quando ela ainda estava desacordada, teve seu pedido de revogação da prisão negado. Ele estava foragido.
Ainda em seu depoimento, o falso médico contou que em 2009, na Faculdade Unigranrio, em Duque de Caxias, onde cursava o 7º período do curso de Medicina, soube por um colega que a médica estava contratando acadêmicos. Sarita o entrevistou e teria dito que seus acadêmicos trabalhavam com um carimbo de médico e que ela tinha alguns contatos em hospitais na Zona Oeste, onde poderia colocar seus indicados.
Ainda de acordo com ele, Sarita o colocou, sucessivamente, em três unidades, sendo a primeira no Hospital Memorial, em Santa Cruz; seguido do Hospital Geral Cemeru, também em Santa Cruz; e, por último, no Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, onde ele atendeu a menina Joanna. O réu declarou também que a médica Sarita teria explicado que, com o carimbo de médico, ele receberia como tal, e que parte do valor deveria ser repassado para ela.
Ao ser indagado sobre a veracidade dos fatos narrados na denúncia do Ministério Público estadual, ele disse que, em parte, são verdadeiros. A próxima fase do processo será a apresentação das alegações finais do Ministério Público e da defesa. Em seguida será proferida sentença que decidirá se o estudante irá ou não a júri popular.
Alex Sandro teve a prisão preventiva decretada, mas estava foragido desde agosto de 2010. Ele se apresentou na noite de segunda-feira, na Divisão de Capturas de Polícia Interestadual de Nova Iguaçu (DC-Polinter Nova Iguaçu, de onde foi encaminhado à 52ª DP (Nova Iguaçu) para que fosse cumprido o mandado de prisão expedido contra ele.
Em fevereiro, o funcionário público André Rodrigues Marins, pai da menina Joanna, foi interrogado. Em seu depoimento ele afirmou que era leigo, e que no período de 15 a 19 de julho de 2010, vários especialistas viram a menor. Quanto à lesão na nádega da criança, ele disse que a menina já viera assim da casa da mãe, a médica Cristiane Marcenal. André Marins e sua mulher, Vanessa Maia Furtado, são acusados de tortura e homicídio qualificado, na forma omissiva, contra a criança.
Joanna Marins morreu no dia 13 de agosto de 2010, na Clínica Amiu, em Botafogo, de parada cardíaca. Ela era alvo de disputa entre os pais, o funcionário público André Marins e a médica Cristiane Marcenal. A médica Sarita Fernandes foi presa no dia seguinte, mas Alex Sandro, estudante do 5º ano de medicina, fugiu. Ela é acusada do crime de homicídio doloso por omissão e exercício irregular da medicina com resultado morte. Tanto ela quanto Alex Sandro também foram denunciados por estelionato, falsificação e uso de documento falso e tráfico ilícito de entorpecentes.
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