quarta-feira, 28 de maio de 2008

Política de segurança do Estado do Rio é alvo de críticas


RIO

A política de segurança do governo do Estado do Rio de Janeiro sofreu duras críticas nesta quarta-feira. Um relatório da Anistia Internacional classificou de "draconiana e belicosa" a atitude do governador Sérgio Cabral (PMDB) em questões da segurança pública . O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é criticado por apoiar publicamente operações policiais militarizadas que têm "como métodos" violência, discriminação, corrupção e descontrole do estado. Nesta quarta-feira, um confronto entre policiais militares e traficantes deixou ao menos quatro mortos na Favela Kelson's, na Penha .
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O governador Sérgio Cabral disse que a Anistia Internacional se equivocou quando disse que a política de segurança do governo do Rio é belicosa e draconiana. Segundo ele, belicosa é a atitude do crime organizado que faz o cidadão refém de armas com alto poder de destruição.
O governador ressaltou que as instituições que defendem os Direitos Humanos deveriam olhar para o cidadão carioca que perdeu o direito de ir e vir, e ficaram reféns de bandidos que não foram combatidos durante anos.
A política de segurança do estado também foi criticada no boletim eletrônico do prefeito Cesar Maia. "O resultado é hoje o pior dos últimos anos. Não há política de segurança pública, mas ações de desmonte de paióis e depósitos. Só que as armas não estão há muito tempo em paióis e são de guarda individual em residências rotativas e até em igrejas. Os depósitos de cocaína nunca são em quantidade significativa e são mais endoladores para distribuição rápida dos papelotes. E a eliminação dos bandidos gera uma substituição automática", afirma o boletim. (Clique aqui e confira a íntegra)
A Anistia reclama do recorde de 1.260 mortes no Rio em 2007, registradas como "resistência seguida de morte" e que teriam ficado sem investigação.
- O Rio marca uma contradição do presidente Lula: ele reforçou essa política do Rio e depois declarou que não se pode mais permitir tantos abusos - disse o pesquisador da Anistia para o Brasil, Tim Cahill. (Leia mais: Discurso do Brasil não condiz com realidade interna, diz Anistia)
O relatório da Anistia destaca que "em nenhum outro lugar isso foi tão evidente quanto no Rio de Janeiro, onde as promessas de reforma foram abandonadas e o governador passou a adotar uma postura pública cada vez mais draconiana e belicosa nas questões de segurança". Comandante da PM fala em até 15 confrontos por dia
Nesta terça-feira, o comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Gilson Lopes, revelou, na Comissão de Segurança da Câmara que, de janeiro até o último sábado foram registrados nada menos que 748 confrontos só entre policiais militares e criminosos nas ruas do Rio . Segundo o coronel, nos dias mais tensos, são contabilizados até 15 trocas de tiros entre policiais fardados e bandidos, principalmente traficantes. Ele admite que esse número de confrontos comandados pela PM vai aumentar. Além do mais, o retrato da violência pode ser ainda mais forte. Nas estatísticas do coronel não estão computados os choques protagonizados por policiais civis.
O comandante negou, no entanto, que a crescente onda de tiroteios entre policiais e suspeitos de crimes seja a confirmação da política do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, de enfrentamento direto com o crime organizado. Segundo ele, os choques se tornaram mais comuns porque o governo aumentou o policiamento ostensivo nas ruas. Ele argumenta ainda que o narcotráfico está sem dinheiro e, por isso, tem tentado incrementar a venda de drogas em algumas áreas estratégicas da cidade. Leia também:
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