sexta-feira, 30 de maio de 2008

Garotinho põe a culpa na Firjan

 
Ex-governador diz que Federação das Indústrias quis mudanças na Delegacia de Meio Ambiente

Rio - A defesa do ex-governador Anthony Garotinho afirma que a troca de titulares da Delegacia de Meio Ambiente (DPMA), ocorrida em 2004, atendia solicitação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouveia Vieira, e não porque a unidade policial se recusava a participar do esquema de recebimento de propina, como afirma a Polícia Federal.

“Ele (Garotinho) recebeu da Firjan uma denúncia de que aquele delegado não estaria se comportando a contento e , muito menos, exercendo suas funções corretamente. De forma cautelar, para proteger o interesse público, removeu o delegado. Ele age motivado pela Federação das Indústrias e é denunciado criminalmente? Tenho o documento, inclusive assinado pelo presidente Eduardo Eugenio”, afirmou o advogado Sérgio Mazzillo.

Na ocasião da mudança do delegado, Garotinho exercia o cargo de secretário de Segurança Pública. O ofício encaminhado pela Firjan fazia referência a uma visita de inspeção da equipe do delegado da DPMA, Marco Aurélio Castro, e da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, em dezembro de 2003, à empresa Tribel (Tratamento de Resíduos Industriais de Belford Roxo S.A.), que funciona dentro da Bayer S.A..

O documento da federação relata que os policiais se recusaram a se identificar na portaria da empresa, se negaram a apresentar mandado judicial e disseram que estavam na empresa por causa de duas denúncias: uma proveniente do relatório de 2002 do Greenpeace e outra de fonte anônima.

A Firjan, por meio de assessoria, disse que apenas fez reclamação formal da postura dos agentes, mas não pediu que fosse feita a mudança do delegado.

No entanto, por causa da repercussão do ofício, uma reunião que contou com a presença de representantes das empresas Bayer S.A. e Tribel S.A. e do então secretário Garotinho foi realizada, em fevereiro de 2004, para que os fatos contra a DPMA fossem relatados.

PROTESTO CONTRA AÇÃO DA FEDERAL

Fotografias de família, a escritura de um imóvel da década de 50 e documentos particulares estão entre o material levado por agentes federais do apartamento do casal Garotinho, em Laranjeiras, na Zona Sul. A defesa deles disse que as apreensões não vão servir de base para a investigação e que a revista na residência foi um ato de execração pública.
“Não levaram nada de importante. Nenhum documento que tenha a mais leve relação com os fatos narrados foi apreendido. A denúncia não parece substanciosa. Ele (Garotinho) passou por um constrangimento intolerável”, afirmou o advogado Sérgio Mazzillo.
A denúncia de que o ex-governador participaria de uma formação de quadrilha armada foi ironizada pela defesa — que alega que o fato segue todos os ritos técnicos do Judiciário. “O meu cliente não consegue sequer usar uma atiradeira, nunca andou armado, nunca usou um revólver, mas como as pessoas denunciadas são policiais, usa-se esta expressão. Ele não é chefe de quadrilha, ele é um homem de bem. A arma dele é a palavra, é o ato político, como sempre fez para se eleger”, defendeu Mazzillo.

Pedido de habeas corpus em março
Com receio de que os desdobramentos da Operação Gladiador, realizada no fim de 2006, pudessem levá-lo a ser preso, o ex-governador Anthony Garotinho entrou em março deste ano com pedido de habeas corpus preventivo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A corte negou o pedido. Garotinho baseou o recurso ao STJ em nota da coluna do jornalista Ricardo Boechat, publicada em O DIA em janeiro. Segundo a nota, o ex-governador poderia ter contra ele um pedido de prisão em decorrência de investigações do Ministério Público.
Em 2004, a juíza Denise Appolinária declarou Garotinho e sua mulher, a então governadora Rosinha, inelegíveis por abuso de poder econômico na eleição de Campos.

Na época, foram apreendidos R$ 300 mil na sede do PMDB no município. Em razão de asfaltamento de ruas em Sapucaia, que teria beneficiado o então candidato a deputado federal Geraldo Pudim, em 2006, a Justiça Eleitoral voltou a declarar o casal inelegível. Garotinho e Rosinha conseguiram recuperar a elegibilidade.

O DIA Online

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