sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ex-chefe da Polícia Civil do Rio se apresenta à PF

Ricardo Hallak foi denunciado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Acusações atingem 16 pessoas, nove estão presos - entre eles, deputado Álvaro Lins.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

Acompanhado de um advogado, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Janeiro, Ricardo Hallak, se apresentou à sede da Polícia Federal na noite desta quinta-feira (20) na Praça Mauá, na Zona Portuária da cidade. Hallak e outras 15 pessoas – na maioria, policiais - foram denunciadas pelo Ministério Público Federal por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Nove pessoas já estão presas. Hallak ficou no comando da Polícia Civil entre 2006 e 2007.

Segundo a polícia, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho também foi denunciado pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha. O ex-chefe de Polícia Civil do governo dele, o atual deputado estadual Álvaro Lins, foi preso em flagrante, sob a acusação de lavagem de dinheiro.

Durante um ano, a Polícia Federal monitorou, por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, os principais integrantes da quadrilha. Em um dos trechos das gravações, o então chefe da Polícia Civil, Ricardo Hallak, conversa com Álvaro Lins. Os dois estariam acertando, segundo a PF, represálias à Delegacia de Meio Ambiente, que não queria fazer parte do esquema de pagamento de pedágio, ou propina.
Em outro trecho, Álvaro Lins fala com Anthony Garotinho sobre a mesma Delegacia de Meio Ambiente. Os dois citam o Secretário de Segurança do governo Rosinha Matheus, Roberto Precioso. Álvaro diz que há problemas na delegacia e pede que Garotinho fale com a governadora para mandar o secretário Precioso trocar o delegado.

Preso em flagrante

Lins teria, teoricamente, imunidade parlamentar, mas a Polícia Federal afirma que dispõe de provas, fornecidas pelo Ministério Público, de que ele cometeu flagrante delito de lavagem de dinheiro, porque levaria um padrão de vida muito acima do permitido pelos seus rendimentos.
“O deputado Álvaro Lins tem foro privilegiado e ele foi preso por razão de estar em flagrante por lavagem de dinheiro e foi isso que nos permitiu a realização de sua prisão em flagrante dentro do apartamento dele”, explicou o superintendente da Polícia Federal, delegado Jacinto Caetano.

O advogado do Álvaro Lins negou as acusações. “Consciência tranqüila, até porque ele não tem qualquer preocupação”, afirmou Sérgio Mazzilo.

Garotinho é acusado de facilitar atuação de grupo

Em entrevista coletiva, os procuradores federais explicaram que o ex-governador foi denunciado por garantir politicamente a manutenção do grupo de Lins à frente da Polícia Civil. De acordo com a denúncia, o deputado seria o chefe operacional da quadrilha, que contaria ainda com policiais e 'laranjas'.
Segundo os procuradores, a quadrilha era responsável por dar cobertura à máfia dos caça-níqueis e cobrar propina de delegados em troca de indicação para chefia de delegacias. “Esse chefe era colocado lá com o compromisso de mensalmente fazer um repasse que não só ajudava no enriquecimento destas pessoas da quadrilha, mas até mesmo em campanhas políticas”, afirmou o delegado Jacinto Caetano.

Participação de Garotinho

Na coletiva, os procuradores sustentaram que, sem o apoio e a participação de Garotinho, “a quadrilha não conseguia se manter no poder. Botava quem queria no cargo, mas não há prova de que ele se beneficiava do ilícito. A gente não tem provas de que ele pedia dinheiro, como a gente tem provas de que o Álvaro e Hallak pediam”.
O advogado de Garotinho reagiu: “Ele não é chefe de quadrilha. É um homem de bem. O Garotinho é um político conhecido, não enriqueceu às custas da sua atividade. É um homem que procura sobreviver hoje ainda com uma atividade política, mas também com uma atividade comercial”, disse Sérgio Mazzilo.
O caso agora vai ser analisado pelo Tribunal Regional Federal. Se a denúncia for aceita, os réus vão a julgamento.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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