segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Médicos alertam para risco de cirurgias estéticas em clínicas ilegais

Carla Fares, de 33 anos, teve morte cerebral na sexta após hidrolipo.
Médicos foram intimados pela polícia a prestar depoimento na terça.

Do G1, no Rio, com informações do RJTV

 

Médicos alertaram nesta segunda-feira (11) para o risco das cirurgias estéticas em clínicas despreparadas. No sábado (9), a radiologista Carla Fares, de 33 anos, morreu depois de ser submetida a uma hidrolipo numa clínica em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Carla teve morte cerebral depois de ficar em coma por três dias em virtude de complicações da cirurgia. A hidrolipo é um procedimento feito em consultório, no qual é injetada uma substância que faz com que as células de gordura fiquem maiores, facilitando a realização da lipoaspiração dessas células.

Há três meses, uma outra mulher procurou a mesma clínica para também fazer uma hidrolipo. A paciente, que não quis se identificar, disse que até ficou satisfeita com o resultado, mas não gosta de lembrar do nervosismo na hora da operação.
“Eu fiquei preocupada de acontecer alguma coisa comigo, por não ter um centro cirúrgico lá, um equipamento legal”, disse.

Clínica fechada

Segundo o delegado Antônio Silvino, titular da 59ª DP (Duque de Caxias), responsável pelo caso, a clínica Med Light, que realizou a hidrolipo na radiologista, permanece fechada. Ele afirmou que os móveis já foram retirados do local. O casal de médicos que operou a paciente foi intimado pela polícia a prestar depoimento nesta terça-feira (12).

Na internet há dezenas de anúncios de clínicas e profissionais que trabalham com hidrolipo. Alguns prometem tratamentos inovadores, outros utilizam frases de efeito para seduzir possíveis clientes.
Uma amiga do casal de médicos informou, por telefone, que os dois estão muito abalados, negaram que tenha havido negligência e ainda vão se pronunciar publicamente sobre o caso.

Família quer justiça

A família da radiologista Carla Fares quer justiça. A irmã contou que, durante a segunda cirurgia, a médica não quis fazer o procedimento porque Carla estaria com alucinações, e os médicos não realizaram o serviço pelo qual Carla tinha pago.

“A médica ligou para a casa da Carla e disse que ela estava com um processo espiritual, que precisávamos levá-la para uma igreja”, disse a irmã.
Mesmo assim, Carla insistiu em terminar o serviço, e retornou à clínica.

“A Carla foi a um consultório fazer uma hidrolipo e já saiu de lá em coma. Ela teve uma parada respiratória”, contou Nícia. Ela explicou que o procedimento foi realizado no dia 6 de janeiro, por volta de 19h30.

Carla argumentou em casa que iria à clínica buscar o ressarcimento do valor pago para a cirurgia que não tinha sido feita, já que a família a desaconselhava a fazer a lipo novamente.

Dez minutos sem respirar

A vítima foi levada para um hospital na Baixada e no dia 8 transferida para um hospital na Zona Norte da capital. Segundo Nícia, a clínica em que Carla tentou fazer a lipo apresentou um prontuário, dizendo que ela teve dois minutos de parada respiratória e que eles não teriam iniciado nenhum processo cirúrgico no corpo de Carla.

Segundo a irmã, foi omitida a informação da traqueostomia e não foram explicadas as duas perfurações na região das costas.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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