sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Doméstica Sirlei sente remorso por prisão de agressores

Doméstica Sirlei sente remorso por prisão de agressores

Ainda abalada com violência, ela diz querer pedir perdão a jovens que a atacaram.
Freqüentadora da Assembléia de Deus, Sirlei foi convidada a se candidatar a vereadora.
Do G1, no Rio

Simone Marinho
AGÊNCIA O GLOBO
Ela está decidindo se se candidata a vereadora, pelo PRB do Rio. (Foto: Simone Marinho / Agência O Globo).

A empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho, que foi agredida por cinco jovens de classe média na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em junho do ano passado, disse, nesta sexta-feira (4), sentir culpa pelos maus momentos pelos quais os jovens que a agrediram estão passando por estarem na prisão.

A declaração foi dada numa semana importante para Sirlei. Neste sábado (5) ela decidirá se aceitará convite feito pelo senador Marcelo Crivella para participar das eleições de 2008 como candidata a vereadora pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB) do Rio, a qual está filiada.

“Estou em dúvida em relação a essa oportunidade. Tenho medo de ser tachada de oportunista. Temo também pelo que as famílias desses rapazes vão pensar. Sei que eles estão sofrendo muito e eu não quero tomar nenhuma atitude que possa fazê-los sofrer ainda mais. Talvez essa candidatura seja uma porta para mais tristeza”, explica a empregada doméstica, que ainda está de licença do trabalho em função das seqüelas do episódio: ela tem dores fortes nos braços e nas costas e toma calmantes em momentos de tensão.

Ela quer pedir perdão

“Quero que eles paguem pelo que fizeram, mas eu gostaria de pedir perdão a eles por estar naquele local, naquela hora. Só não faço isso porque acho que, se ficasse cara a cara com eles de novo, passaria mal, como da última vez”, disse Sirlei, admitindo que, com esse discurso, corre o risco de ser mal-interpretada.

“No Natal, fiquei muito triste, sei que as famílias deles devem estar sofrendo muito com a ausência desses jovens. Sinto-me culpada por, indiretamente, tê-los privado da companhia dos pais nesse fim de ano. Não há um dia que eu não pense neles. Lamento muito por tudo que aconteceu”, completou Sirlei.

Sirlei tem medo de sofrer com corrupção na política

A empregada doméstica confessa não saber exatamente quais são as atribuições de um vereador, mas diz que só buscará estudar o assunto depois que se decidir sobre a possível candidatura.

“Sei que vereadores elaboram e aprovam leis. Preciso conhecer mais sobre o cargo, mas por enquanto, não quero pensar nisso. Não estou interessada nem em saber quanto um vereador ganha”, diz ela, que também se preocupa com as possíveis pressões que pode vir a sofrer para se corromper caso entre para a vida política. “Prefiro ser doméstica a ser política corrupta”, explica Sirlei.

Sentença de agressores deve sair este mês

Segundo o advogado de Sirlei, Ricardo Mariz, a sentença do processo penal movido contra os cinco supostos agressores da empregada, Rodrigo dos Santos Bassalo da Silva, Leonardo Pereira de Andrade, Julio Junqueira Ferreira, Rubens Pereira Arruda Bruno e Felippe de Macedo Nery Neto, deve sair na primeira quinzena de janeiro.

Os jovens podem ser condenados a até oito anos de prisão pelo crime de lesão corporal. Dos cinco, somente Felipe, que alega não ter saído do carro para agredir a doméstica, aguarda o julgamento em liberdade.

Indenização não será expressiva, diz advogado de Sirlei

O advogado de Sirlei, no entanto, ainda não entrou na Justiça com processo civil por danos morais e materiais. Ele aguarda o resultado do processo penal para tomar essa iniciativa.

“Não esperamos conseguir uma indenização expressiva com essa ação, pois os agressores, por serem muito jovens, ainda não tinham patrimônio. Tudo que conseguimos rastrear até agora foi um veículo e um estabelecimento comercial, ambos já bloqueados por meio de ação cautelar”, esclarece o advogado.

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