segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Candidatura de Wagner Montes ainda é incerta até para o candidato (e seu partido)




O deputado Wagner Montes vive entre a cruz e a espada. Tido como pitbull pelos setores da mídia que se assustam mais com sua liderança, deixa de lado o tom irascível com que comanda seu programa na TV Record quando o assunto é Prefeitura do Rio. Em entrevista ao blog SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS, Wagner hesita - e com sinceridade. Admite certo desconforto dentro do partido (o que é surpreendente, já que foi puxador de legenda na eleição de 2006) quando cita entrevista recente do ministro Carlos Lupi para confirmar que seu nome não é consenso. E mostra desconforto diante dos mais de 100 mil votos que recebeu e, pior, da possibilidade de não honrá-los. "Tive quase 112 mil votos. Acho que não devo trair este povo que me colocou na ALERJ, para trabalhar por eles", explica. A convenção do PDT no dia 23 promete ser o primeiro grande evento político do ano. Até lá, Wagner continuará sendo o Chato da ALERJ - indo todos os dias durante o recesso para cobrar a entrega dos cartões RioCard para a polícia do Rio. E reconhece que ainda há muito a caminhar em termos salariais e de estrutura. "Temos que acabar com o rancho nos quartéis", pontua.
É fato: ainda falando de problemas da polícia, Wagner, apesar do olho nas pesquisas, ainda tem o coração na vaga para a qual foi eleito. Resta saber que decisão tomarão no dia 23, ele e o PDT.



SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS
- Até quando vc pode decidir sobre sua candidatura a prefeito? E já conseguiu pensar em uma decisão? E o que te impede, até agora, de dizer SIM à campanha para prefeitura de uma vez, já que há tantas pesquisas mostrando sua liderança?

WAGNER MONTES - O PDT marcou uma pré-convenção para o dia 23 de fevereiro. Em todas as entrevistas, fiz questão de dizer que não sou candidato a prefeito, pois isso teria que passar pelo crivo do partido. No entanto, as pesquisas realizadas por todos os institutos, nos apontam em primeiro lugar, e, com mínima rejeição. Quando penso na decisão não consigo tirar da cabeça algumas perguntas:
a- Com a candidatura terei que sair da TV. Quem vai defender os bons policiais militares, civis, federais e bombeiros?
b- Quem vai cobrar na TV do Governador, mais efetivo, melhorias salariais, melhores condições de trabalho e, por conseguinte, mais segurança para o povo do Estado do Rio?
c- Quem na TV, vai brigar pelos profissionais da saúde, educação, guardas municipais e sistema penitenciário?
d- Quem vai mostrar as dificuldades pelas quais estão passando as pessoas que moram nas cidades de todo o Estado e, vai cobrar soluções dos prefeitos?
e- Eu tive quase 112 mil votos. Acho que não devo trair este povo que me colocou na ALERJ, para trabalhar por eles. Isso tudo me faz pensar muito antes de tomar qualquer decisão.

SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS - Que conquistas teve a Segurança Pública e seus agentes no primeiro ano de governo Sérgio Cabral. E onde é preciso avançar (e não se avançou)?

WAGNER MONTES - Neste primeiro ano de governo, a segurança pública avançou na área de inteligência mas ficou a desejar no que diz respeito aos salários. Não existe polícia boa e barata. Não adianta só viaturas, é imprescindível que se invista no homem e não só com salários, mas com a instalação de policlínicas, um novo HCPM na Zona Oeste, um hospital digno para policiais civis, mais colégios para os filhos de policiais e bombeiros, etc... Temos que brigar para que acabe os ranchos nos quartéis e pelo reescalonamento dos policiais civis. Tratar esses homens com mais carinho e respeito. Falta muita coisa e, é por isso que cobramos todos os dias.

SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS - Seu gabinete é isolado dos outros, é o único do prédio velho da Alerj. Por que será?

WAGNER MONTES - Talvez queiram me esconder (risos). Mas isso não me importa, pois, se não tiver gabinete fico no plenário ou nas escadarias. O lugar não interessa mas eles têm que respeitar as 111.802 pessoas que me colocaram aqui.

SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS - Como está a situação dentro do PDT? Os candidatos mais cotados na convenção não tiveram, juntos, os seus votos na eleição de 2006. Há correntes do partido que não apreciam seu estilo? Qual a explicação?

WAGNER MONTES - Gosto do PDT mas sei que a unanimidade é burra. Ninguém consegue agradar todo mundo. No entanto, o povo nas ruas, em sua maioria, quando ouvido, aprova o meu trabalho. Sempre irei respeitar os que não gostam, é um direito deles. Pensei ser o nome de consenso mas, depois de ver a declaração do presidente do PDT, Carlos Lupi, na Revista ISTO É (*), tenho a certeza de que isso é impossível. Portanto, se não posso ser o nome de união, jamais serei o de discórdia. Fui eleito para ser Deputado. Nunca usaria o partido para me promover, a fim de conseguir uma reeleição com mais facilidade. Todos os dias falo na Record para mais de 1,5 milhão de pessoas no Estado.


SANTA BÁRBARA E REBOUÇAS
- No dia 11, conforme O DIA anunciou, o Sérgio Ruy, secretário de planejamento e finanças, se reúne com a PMERJ. Vai estar na reunião? Há esperanças para os policiais este ano?

WAGNER MONTES - Se for convidado pelo Secretário Sérgio Ruy para comparecer, irei com todo o prazer mas, se não for, tenho certeza de que o Comandante Geral Coronel Ubiratan e, o Chefe do Estado Maior, Coronel Samuel, irão brigar pela tropa. Quero acreditar que as melhorias para os policiais virão em 2008. Eu estarei cobrando e o Governador tem um compromisso assinado comigo, e ele terá que cumprir.

(*) Abaixo, o trecho da matéria em que Carlos Lupi fala de Wagner (clique para ampliar):

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