sábado, 5 de setembro de 2009

Professora aluga ônibus para evitar que alunos abandonem Ciep em São Gonçalo

Professora aluga ônibus para evitar que alunos abandonem Ciep em São Gonçalo
Marcelo Gomes - Extra

A professora Tânia Nascimento: iniciativa rende frutos. foto: Pablo Jacob / Exta

Cansada de ver sua escola perder alunos a cada dia por conta da dificuldade de transporte público, a professora de História Tânia Nascimento, de 54 anos, diretora do Ciep Carlos Marighella, decidiu arregaçar as mangas e lutar contra a evasão escolar no bairro Itaóca, em São Gonçalo. Após muita insistência, ela conseguiu convencer a Secretaria estadual de Educação da necessidade do aluguel de um ônibus para fazer o transporte escolar. A novidade começou a funcionar no dia 17 de agosto e já apresenta resultados.

- O ônibus foi a concretização de um sonho. A assiduidade e pontualidade dos alunos melhoraram bastante. Também conseguimos estancar a evasão: no início do ano, a escola tinha 740 alunos. Hoje já são 1.040 - comemorou Tânia. - Mesmo assim, ainda está longe dos 2.015 estudantes que tínhamos em 2002.

'Viação canela'

O Ciep, localizado na Estrada Antônio Leôncio, que é de terra batida, recebe alunos do 1º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Também há turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Apenas um ônibus municipal passa pelo colégio, da linha 31, da Viação Tanguá. Por conta das vias esburacadas, muitas vezes os veículos simplesmente não conseguem chegar ao local, segundo os alunos.

A estrada cheia de buracos não serve de desculpa: ninguém falta mais às aulas. Foto: Pablo Jacob / Exta - Moro na Praia da Luz e, antes de a escola alugar um ônibus, a solução era a "viação canela"... Eu tinha que caminhar uma hora e meia até o colégio. Saía de casa às 6h para não me atrasar para a primeira aula. Faltava muitas vezes por conta da distância - contou Sérgio Santos Júnior, de 15 anos, aluno do 7º ano.

- Em dias de sol forte, tínhamos que parar no caminho da escola para casa e pedir água a algum morador. É muito chão - revelou Edson Costa da Silva, de 14 anos, estudante do 6º ano.

Mas não são apenas os alunos que abandonam o Ciep por conta da falta de transporte. Todos os anos, algumas disciplinas ficam sem professores, segundo a diretora.

- Dos 70 professoras do colégio, só 32 são de matrícula. Os outros são de contrato temporário, que sempre pedem transferência - afirmou Tânia Nascimento.

Marcha lenta diante de tantos buracos

O ônibus alugado faz seis viagens por dia, transportando 500 alunos, segundo a diretora Tânia Nascimento. O primeiro sai às 6h40m da Avenida Dezoito do Forte, a principal via do bairro do Mutuá. De lá, segue para a escola, onde chega às 7h10m. Depois, o veículo percorre os longínquos bairros da Praia da Luz, da Beira, de São João e Caieira, onde as ruas são de terra batida e esburacadas.

Os alunos do Ciep Carlos Marighella, em São Gonçalo. Foto: Pablo Jacob / Exta O ônibus chega à escola por volta das 7h50m (poucos minutos depois do início da primeira aula, às 7h30m). O mesmo roteiro é feito nos turnos da tarde e da noite. O trajeto, de 23 quilômetros, é feito em sua maioria em estradas sem asfalto.

- É tanto buraco que eu só consigo passar a quarta marcha na Avenida Dezoito do Forte, que é asfaltada, e num trecho de apenas 500 metros numa das estradas de terra. O resto do percurso tem que ser de segunda marcha. Até a Estrada de Itaóca, que é a principal do bairro, não é asfaltada e está toda esburacada - reclamou Amílio Scarpi Filho, de 63 anos, motorista do ônibus alugado.

Por conta da evasão ocorrida nos últimos anos, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Ciep Carlos Marighella, medido a cada dois anos pelo Ministério da Educação (MEC), caiu de 3 (em 2005) para 2,7 (em 2007). A escala, que mede a qualidade do ensino nos colégios de todo o país, vai de zero a dez.

Prefeitura: ruas não podem ser asfaltadas

Em relação à falta de pavimento e aos buracos nas ruas de Itaóca e bairros próximos, a Prefeitura de São Gonçalo informou que, por ser uma área de manguezal, a região não pode ser asfaltada. Segundo a prefeitura, homens do Departamento de Conservação e Obras (DCO) trabalham constantemente nas vias para minimizar os estragos causados pelas chuvas e pelo fluxo intenso de veículos.

O Extra constatou que várias áreas de manguezal estão sendo aterradas na região por moradores, para construção de casas. A prefeitura, entretanto, não respondeu se fiscaliza as construções irregulares e nem o que pode ser feito para combater os crimes ambientais na região.

Em nota, a Secretaria estadual de Educação informou que em "função de não haver uma linha de ônibus que atenda às necessidades dos alunos do Ciep Carlos Marighella, em São Gonçalo, a Secretaria de Educação disponibiliza uma linha de transporte rural, que percorre 250 quilômetros por dia para atender aos 670 alunos que não moram próximos à escola e necessitam diariamente do transporte público".

Extra Online

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Um belo exemplo para que nossos governantes tomem vergonha na cara e passe a ver com um pouco mais de carinho para nossos filhos que muitas vezes querem sim esta na escola, mais não tem condições de tranportes para chegar ate a escola, neste ponto a Prefeitura de SG poderia mandar alguém a Magé que e pertinho e verificasse como anda e questão da educação em Magé.

Sabemos que o Sr Dep Flávio Bolsonaro sempre acompanha nosso blog, A professora de História Tânia Nascimento, diretora do Ciep Carlos Marighella. É digna sim de uma Homenagem.

PARABÉNS PREFª TÂNIA NASCIMENTO NOSSO CARINHO DO BLOG

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