quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Polegar terá a prisão pedida pelo mesmo juiz que o liberou da cadeia

O Globo

RIO - O juiz Carlos Borges, da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio, que na segunda feira autorizou Alexander Mendes da Silva, o Polegar - segundo investigações, chefe do tráfico na Mangueira - a sair da Casa do Albergado Crispim Ventino, em Benfica, irá pedir a prisão dele.

O bandido não cumpriu o compromisso de dormir num albergue, como previa o regime semiaberto.

Borges disse que havia autorizado a saída porque o comportamento de Polegar era "excelente", segundo a Secretaria de Administração Penitenciária.

Na sexta, o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança, Rivaldo Barbosa, ligou para o juiz da VEP e tentou evitar a saída de Polegar, mas não obteve êxito.

O pastor evangélico Washington, ligado a Polegar, também teria procurado Borges para dizer que ele temia ser morto no albergue.

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O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Luiz Zveiter, alegou que não havia no processo provas para manter Polegar na prisão. Ele fez duras críticas à lei que concede automaticamente a progressão de regime:

- O juiz já havia negado três pedidos feitos pelos advogados do preso para ele ir para o regime semiaberto. Num deles, Polegar ia trabalhar como motorista numa floricultura, mas descobrimos que ele não tinha carteira de habilitação.

Mas, quando obteve o direito ao regime aberto, a Justiça foi obrigada por lei a conceder o benefício, que é automático depois de cumprido um sexto da pena. É isto que tem que acabar - disse Zveiter.

- O fato de ser público e notório o envolvimento dele no tráfico não adianta porque o juiz deve se ater ao processo.

Segundo o TJ, o parecer que Ministério Público emitiu contra a soltura era opinativo e não se baseava em elementos técnicos. A promotora, que pediu para não ter o nome divulgado, contestou e disse ter citado que o traficante só poderia sair se tivesse um emprego e que faltava o exame criminológico.

- A concessão de um benefício não pode seguir apenas o requisito temporal. É preciso considerar o mérito do apenado. O Polegar é um traficante. E, contra fatos notórios, não há argumentos - rebateu, dizendo que vai recorrer da decisão.

Presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, a deputada Marina Magessi (PPS) está convencida de que soltar Polegar foi um equívoco:

- Soube que, na segunda à noite, teve a maior festança na Mangueira - comentou.

Polegar é conhecido por uma das ações mais ousadas do crime organizado no Rio. Em 2001, ele usou um caminhão para arrebentar a parede da Polinter e libertar 14 presos.

Depois disso, foi capturado no Ceará, em janeiro de 2002. Mas, após nove meses, voltou a espalhar terror, com ataques contra uma delegacia, o Palácio Guanabara e o shopping RioSul.

O objetivo era distrair a polícia para facilitar a fuga dele e de três traficantes.

Extra Online

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