Decisão da Justiça foi anunciada um dia após falso agente ser indiciado.
Menores estavam alojados precariamente em uma clínica.
Do G1, no Rio, com informações da TV Globo
Um dia após a polícia indiciar um falso agente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Justiça determinou nesta terça-feira (1º) a retirada de 35 menores que estavam em um alojamento improvisado em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Os meninos, de vários estados, serão levados de volta para casa.
Na segunda (31), o suspeito, identificado como Cleber Justus da Fonseca, foi indiciado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) por exercício ilegal da profissão. Segundo a polícia, ele também é investigado por maus tratos.
“Na verdade eu procurei fazer a melhor maneira possível, infelizmente aconteceu esse problema. A vida segue, eu vou ter que responder algumas situações na Justiça e eu vou tentar melhorar da melhor maneira possível”, declarou Cléber da Fonseca.
O delegado Fernando Reis, da DPCA, disse que quer saber se “de alguma maneira ele está tentado tirar proveito da atividade que, teoricamente, seria de colocação dos meninos, e fazendo disso um outro negócio, que é uma hospedagem ilegal, explorando o sonho da família de ver um filho colocado em um grande clube”.
Os menores estavam alojados precariamente em uma clínica, onde aguardavam uma vaga em um grande clube de futebol do Rio. Fiscais da Vigilância Sanitária interditaram o prédio após encontrar péssimas condições de higiene.
De volta para casa
Quatro meninos deixaram o alojamento na tarde desta terça. De acordo com Cléber da Fonseca, que é responsável pelo abrigo, outros 15 jovens devem voltar ao Paraná na quarta-feira (2).
“Eu estou tão assim atordoada, estou bem desinformada, então eu estou meio assustada, né... O que eu quero é que ele venha embora”, disse a mãe de um dos meninos, cuja identidade foi preservada, que mora em Foz do Iguaçu (PR).
A Prefeitura do Rio informou que vai pagar as passagens dos menores em que as famílias não tiverem condições financeiras de bancar a viagem de volta. O delegado Fernando Reis, que investiga o caso, informou que pediu à CBF uma relação de todos os agentes credenciados que atuam no estado, para evitar novos casos.
Guardas das crianças
A Justiça determinou, também, que Cléber ficará responsável pela guarda das crianças nos próximos três dias. Para a Vara da Infância e da Juventude, este é o prazo que ele terá para fazer contato com as famílias e levar os menores de volta para casa.
“Ficou estabelecido que as crianças vão ficar sob uma guarda especial do senhor Cléber. Ele, como possuidor desta guarda, tem autorização para estar viajando com eles (meninos) para os seus estados de origem”, afirmou o conselheiro tutelar Alhefeld Fernandes.
Por enquanto, os jovens ficarão alojados no Bangu Atlético Clube. As camas que estão na clínica serão levadas para lá.
Denúncia
Os policiais chegaram à clínica hospitalar em Bangu depois de uma denúncia. Os jovens passavam a maior parte do tempo em quartos no segundo andar do prédio.
Um dos cômodos fica ao lado de uma sala de raio-x. No local, os agentes encontraram más condições de higiene. Segundo a Vigilância Sanitária, os alimentos estavam armazenados de forma precária.
De acordo com agentes, os meninos, entre 13 e 17 anos, bebiam água direto da torneira, ao lado do lixo. E faziam apenas uma refeição por dia, em um restaurante popular que vende comida a R$ 1.
Dos 35 jovens mantidos no local, 23 não tinham autorização dos pais (Foto: Reprodução/TV Globo)
Sem autorização dos pais
Dos 35 jovens mantidos no local, 23 não tinham autorização dos pais. Segundo vizinhos, a clínica é usada como alojamento há pelo menos quatro meses.
Cléber afirmou que agencia os jovens para clubes de futebol há 13 anos, e que cobra das famílias uma mensalidade até que as crianças sejam chamadas por um time. Segundo ele, os menores treinam em dois clubes e estão matriculados em uma escola estadual no bairro.
"A gente pede uma ajuda entre R$ 200 e 300, dependendo da situação familiar. A gente faz três refeições por dia, a gente dá pros garotos café, almoço e janta", explicou Cleber.
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