sábado, 1 de agosto de 2009

Cinco PMs são acusados de extorquir R$ 2.500 para libertar traficante

farda manchada

Cinco policiais do 7º BPM (Alcântara) são réus num processo que tramita na Auditoria da Justiça Militar pelos crimes de extorsão mediante sequestro, concussão (extorsão praticada por funcionário público no exercício da função), roubo e cárcere privado. Um dos PMs responde também por posse de drogas. Todos os cinco tiveram o porte de arma revogado pela Polícia Militar e estão respondendo a um Conselho de Disciplina, que poderá expulsá-los da corporação.
Os cabos Flávio Cabral Bastos e Alex Ribeiro Pereira e os soldados Carlos David Silva Pinto, Jeferson de Araújo Miranda e Handerson Lents Henriques da Silva são acusados pelo Ministério Público de exigirem R$ 2.500 para libertarem um adolescente de 17 anos que havia sido flagrado com uma submetralhadora, 224 trouxinhas de maconha e 31 pedras de crack.
A arma e a droga foram encontradas pelos PMs na casa do rapaz, no Morro do Martins, em São Gonçalo. Além do adolescente, estavam na residência a avó e a irmã dele, também menor de idade. O caso ocorreu em 13 de junho do ano passado.
Os cinco PMs chegaram ao local por volta das 8h. De acordo com o MP, após encontrarem a submetralhadora e a droga, os PMs exigiram R$ 2.500 para não o prenderem. Como o adolescente só tinha R$ 1.200, o soldado Jeferson Miranda usou o celular da vítima para exigir a quantia do “gerente” do tráfico do morro, identificado apenas como Calcinha ou Mete-Bala.
Ainda segundo o MP, enquanto os PMs permaneciam na casa do rapaz, o soldado Carlos David “subtraiu uma lata de cerveja e refrigerantes da geladeira da vítima e distribuiu para os demais denunciados”.
Quando Calcinha já havia concordado em entregar aos PMs a quantia exigida, uma equipe da Corregedoria Interna da PM chegou ao local e deteve três policiais. Dois deles — o soldado Flávio Bastos e o cabo Alex Pereira — já haviam deixado o morro, porque tinham que depor na Corregedoria Geral Unificada.
O adolescente, que foi preso por tráfico e porte ilegal de arma, foi levado para a 74ª DP (Alcântara). Em seguida, os PMs foram conduzidos à 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), onde negaram as acusações.

‘Atitude foi desastrosa’, conclui DPJM

Os PMs permaneceram toda a manhã na casa do adolescente. Durante esse tempo, de acordo com o MP, a irmã e a avó do rapaz “foram privadas de suas liberdades, sem poder ir ao banheiro ou comer”. O cabo Flávio Bastos também é acusado de posse de drogas: ao revistarem o seu colete à prova de balas, os agentes da Corregedoria encontraram “sete invólucros de cocaína e 12 de maconha”.
A investigação da 2ª DPJM para apurar o caso concluiu que a atitude dos PMs “foi desastrosa, não observando os parâmetros que regem a técnica policial militar, resultando em ação criminosa quando permanecem mais que o tempo necessário com o preso, menor de idade, uma vez que a prisão se deu por volta das 8h, e a ocorrência só foi apresentada na DP por volta das 13h30m”.

A Polícia Militar informou que os cinco policiais estão desempenhando serviços internos e não chegaram a ser presos.
O processo na Justiça ainda não foi concluído. O depoimento das testemunhas de acusação foi marcado para 8 de setembro.

Extorsões cometidas por policiais

Não são raros os casos em que PMs são acusados de extorsão. Em 2 de julho de 2007, cinco policiais do 7º BPM foram presos por agentes da Corregedoria da Polícia Civil em Alcântara, São Gonçalo. Em 27 de junho daquele ano, os PMs teriam torturado e assaltado um casal de comerciantes dentro de uma loja. As vítimas contaram que os PMs se passaram por policiais civis. Os invasores cobraram R$ 2 mil para libertar a vítima. No dia seguinte, os PMs telefonaram para o comerciante e exigiram mais dinheiro. A vítima procurou, então, ajuda na Corregedoria da Polícia Civil, que montou uma operação e prendeu os PMs.
Em 13 de janeiro de 2006, a Justiça decretou a prisão de nove PMs acusados de torturar e tentar extorquir R$ 5 mil de um homem de 25 anos. O crime ocorreu na noite de 7 de janeiro daquele ano, em São Gonçalo.

Caso de Polícia - Extra Online

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