quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Polícia diz que médico baleado em Ipanema reagiu ao assalto

Segundo delegada, vítima foi atingida quando lutava com assaltante.
Polícia investiga itinerário para identificar suspeitos de levar moto BMW.

Liana Leite Especial para o G1, no Rio

 

A delegada titular da 14ª DP (Leblon), Tércia Amoedo Saraiva, informou que o médico Paulo Athayde Lopes, baleado em Ipanema, na Zona Sul do Rio, na noite de quarta-feira (26), reagiu ao assalto.

Segundo a delegada, o médico - especialista em cirurgia bárica - foi atingido no momento que lutava com um dos suspeitos na tentativa de evitar que levassem sua moto BMW.

“O médico estava brigando com um dos suspeitos enquanto o outro disparou", explicou.
Ainda segundo a delegada, a polícia está investigando o itinerário feito pela vítima para descobrir de onde são os assaltantes. “Estamos com equipes na rua para solucionar o mais rápido possível esse crime abominável”, acrescentou.

De acordo com o irmão do médico, Luiz Carlos Pereira da Silva, de 70 anos, Paulo tem verdadeira adoração por motos, mas não é uma pessoa violenta. “Não sabemos se ele reagiu, mas a moto tinha seguro. Não era necessário que os bandidos cometessem essa violência”, contou.

Antes de ser informado pela polícia do teor dos depoimentos das testemunhas, Luiz acreditava que o irmão não reagira ao assalto.

Médico mexeu dedos

No momento do assalto, a mulher e a filha de 6 anos do médico estavam na varanda e teriam visto toda a ação. “A família está em estado de choque, mas pelo menos meu irmão já mexeu os dedos das mãos”, conta Luiz, esperançoso.

Ainda segundo o irmão, Paulo está com duas balas alojadas. Uma no ombro e outra na cabeça. “O capacete dele teve a mesma função do de Felipe Massa. Salvou sua vida”, detalha.

Sensação de insegurança

Vizinhos reclamam da sensação de insegurança na Rua Nascimento Silva, onde o médico foi baleado. Após o crime, um carro do 23º BPM (Leblon) fará plantão durante toda a quinta-feira (27) no local.

Segundo os moradores do bairro, o policiamento na rua é raro e os casos de assalto se multiplicam na área.

De acordo com uma vizinha do médico, que preferiu não se identificar, prédios já foram invadidos e uma amiga teve o carro roubado há menos de um mês.

“Eu não conhecia o médico, mas já chorei muito. Essa patrulha só está estacionada aí por causa do crime, mas depois que já aconteceu não adianta mais nada”, revolta-se.

Segurança paga

A bióloga Ana Paula Leite, de 40 anos, também está indignada. “Passeio com meu cachorro todo dia aqui pela Nascimento Silva e raramente vejo policiamento.

Somos obrigados a pagar segurança particular para poder dormir em paz”, diz.

Sandra Regina dos Santos, de 53 anos, é empregada doméstica do prédio ao lado da vítima e escutou quatro ou cinco tiros.

“Eu estava no meu quarto quando ouvi uns quatro tiros. Eu e minha patroa fomos correndo para a varanda, quando vimos dois rapazes bem vestidos saindo com a moto. O médico já estava sendo socorrido pelo filho”, contou Sandra, que também se sente insegura.

Em nota a PM informou que vai reforçar o policiamento na região.

Médico está em coma induzido

De acordo com a assessoria de imprensa da Clínica São Vicente, onde o médico está internado, o estado de saúde dele é grave. Paulo Athayde está sendo mantido em coma induzido e as balas permanecem alojadas. Um novo boletim médico será divulgado no início da tarde desta quinta, após o resultado de uma tomografia.

O médico foi operado na Clínica São Vicente pelo neurologista Paulo Niemeyer durante a madrugada desta quinta-feira (27). O primeiro atendimento foi feito no Hospital Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul.

Capacete protegeu

Segundo testemunhas, o capacete protegeu o médico que chegava em casa em sua moto. Dos quatro ou cinco tiros que foram disparados contra a cabeça da vítima, três foram desviados pelo capacete, mas um atingiu a nuca do médico.
De acordo com a polícia, após atirarem, os criminosos fugiram levando a moto importada da vítima, que foi comprada recentemente.

Um dos seguranças da rua testemunhou o crime e prestou depoimento na delegacia. Outro vigilante que também faz a segurança da área contou que o assalto foi muito rápido.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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