segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Polícia indicia falso agente da Fifa no Rio

Suspeito foi indiciado por exercício ilegal da profissão.
Trinta e cinco menores podem estar sofrendo maus tratos em clínica.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

Um falso agente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) foi indiciado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) por exercício ilegal da profissão.

O suspeito, identificado como Cleber Justus da Fonseca, também é acusado pela polícia de maus tratos contra trinta e cinco menores de idade, de vários estados. Os menores estão alojados precariamente em uma clínica, localizada em Bangu, na Zona Oeste, onde aguardam uma vaga em um grande clube de futebol do Rio.

Segundo a polícia, Cleber foi indiciado porque, para trabalhar como agente de futebol, ele deveria ser credenciado pela Fifa. A polícia informou ainda que o suspeito deve responder processo por alojar menores de idade sem autorização dos pais.

O delegado Fernando Reis, da DPCA, disse que quer saber se “de alguma maneira ele está tentado tirar proveito da atividade que, teoricamente, seria de colocação dos meninos, e fazendo disso um outro negócio, que é uma hospedagem ilegal, explorando o sonho da família de ver um filho colocado em um grande clube”.

A Vigilância Sanitária fechou a clínica nesta segunda. Os menores serão levados para abrigos, e, depois, vão voltar para a casa dos pais.

Denúncia

Os policiais chegaram à clínica hospitalar em Bangu depois de uma denúncia. Os jovens passavam a maior parte do tempo em quartos no segundo andar do prédio.

Um dos cômodos fica ao lado de uma sala de raio-x. No local, os agentes encontraram más condições de higiene. Segundo a Vigilância Sanitária, os alimentos estavam armazenados de forma precária.

De acordo com agentes, os meninos, entre 13 e 17 anos, bebiam água direto da torneira, ao lado do lixo. E faziam apenas uma refeição por dia, em um restaurante popular que vende comida a R$ 1.

Algumas camas onde as crianças dormem estão quebradas.

Sem autorização dos pais

Dos 35 jovens mantidos no local, 23 não tinham autorização dos pais. Segundo vizinhos, a clínica é usada como alojamento há pelo menos quatro meses.

O responsável pelo alojamento afirmou que agencia os jovens para clubes de futebol há 13 anos, e que cobra das famílias uma mensalidade até que as crianças sejam chamadas por um time.

Segundo ele, os menores treinam em dois clubes e estão matriculados em uma escola estadual no bairro. Ele não deu nenhum exemplo de alguém que tenha ido parar em um grande clube.

"A gente pede uma ajuda entre R$ 200 e 300, dependendo da situação familiar. A gente faz três refeições por dia, a gente dá pros garotos café, almoço e janta", explicou Cleber.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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