quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caxias: polícia vai investigar versão de que funcionário de padaria estaria armado

A morte do funcionário de uma padaria de Vila Ideal, Cristiano de Oliveira, 23 anos, ficou esquecida entre os gritos de "Joãozinho é nosso rei".

O rapaz, baleado quando chegava ao trabalho, foi sepultado no mesmo horário e no mesmo cemitério que o chefe do tráfico João Soares de Lima Filho. Só o bandido recebeu homenagens.

Cerca de 400 pessoas acompanharam o sepultamento de Joãozinho, no Cemitério Nossa Senhora do Belém, no Corte 8. Um carro de som abria passagem às kombis e aos cinco ônibus cheios de moradores das favelas do Lixão e de Vila Ideal - muitos vestindo a camisa do Flamengo - time de Joãozinho.

Trinta PMs tentavam organizar o cortejo. "Não vamos fazer protesto porque ele não gostava disso. Até pagava para não ter confusão na comunidade. O Bope acabou com a renda de muitos policiais", disse uma moradora.

Enquanto isso, em silêncio, a família de Cristiano acompanhou o sepultamento do rapaz em uma gaveta. Na 59ª DP (Duque de Caxias), o funcionário da padaria nem estava identificado e a versão ainda era a de que ele teria trocado tiros com policiais.

No registro de ocorrência, três policiais do Bope contaram que foram recebidos a tiros por um grupo de 20 criminosos e que por isso revidaram. Eles afirmaram, ainda, que -com os baleados foram encontrados dois fuzis e uma pistola.

"Vamos ouvir os parentes dele, esperar o laudo cadavérico e investigar se de fato ele era trabalhador. Segundo os policiais do Bope, os três mortos seriam traficantes e estariam armados. Mas, se houver necessidade e conseguirmos o projétil, vamos pedir confronto balístico", explicou o delegado Antônio Silvino.

Já a mãe de Joãozinho, Tereza da Cruz, 64 anos, recebeu muitas condolências. Antes de deixar o cemitério em um Ford EcoSport preto - com o adesivo da passagem bíblica 'Este veículo é protegido pelo 4º homem da fornalha' -, ela afirmou que o traficante foi morto covardemente. "Ele morreu sem trocar nenhum tiro. Era um bom filho e um ótimo homem para a comunidade", disse ela.

A sepultura de Joãozinho foi alugada por três anos e fica no alto do morro, de frente para a pixação 'Vivos somos traídos, presos, esquecidos, e mortos só deixamos saudades'.

O Dia Online

Nenhum comentário: