sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Mulher tem óbito declarado em hospital dois dias antes de sua morte

Aposentada foi declarada morta na sexta-feira (14) por médica do hospital.
Segundo Secretaria de Saúde, ela morreu no domingo (16).

Do G1, no Rio

Foto: Divulgação

Livro rabiscado onde estaria registrado o óbito da paciente (Foto: Divulgação)

A aposentada Maria José de Melo, de 84 anos, morreu no último domingo (16) no Hospital Miguel Couto, na Zona Sul do Rio. No entanto, dois dias antes, seu óbito já havia sido declarado por uma médica do hospital.

Conforme informou o site do jornal O Globo, a denúncia chegou ao vereador Carlos Eduardo (PSB), da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. De acordo com o parlamentar, após o prontuário ser preenchido com o parecer de óbito, uma enfermeira percebeu que a paciente respirava sem a ajuda dos aparelhos.

"Pude ver que o prontuário foi rabiscado quando a equipe confirmou que a mulher estava viva. É a medicina do rabisco”, disse o vereador. Ele informou ainda que vai encaminhar a denúncia ao Ministério Público e voltará na próxima segunda-feira ao hospital para ter acesso ao prontuário original.

Prefeitura afasta profissional

A Secretaria municipal de Saúde divulgou uma nota informando que, ao tomar conhecimento do fato, afastou a profissional que declarou a morte da paciente e abriu sindicância para apurar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis. Além disso, já encaminhou documento sobre a situação para a Comissão de Ética Médica.

De acordo com a nota, o Hospital Miguel Couto esclareceu que a paciente deu entrada na unidade no dia 8 de agosto, em estado grave, com alteração do nível de consciência, insuficiência respiratória aguda e insuficiência renal crônica. Ficou internada desde então e recebeu acompanhamento e medicação necessários.

Algo estava errado, diz filho de paciente

Ao site do jornal O Globo, João de Melo Alexandre, filho da aposentada, contou que esteve no hospital Miguel Couto na sexta-feira, dia em que sua mãe foi dada como morta, e percebeu que algo estava errado.

“ Fui ao hospital no horário de visita e, quando eu entrei na sala, achei estranho porque haviam três profissionais em cima dela. Vi que ela estava respirando muito rápido. Uma das médicas percebeu que eu era parente e pediu para eu me retirar. Achei estranho e pedi para que minha irmã, que estava na recepção aguardando para visitar nossa mãe, subisse para ver o que estava acontecendo. Quando ela entrou na enfermaria, já não tinha mais ninguém atendendo a minha mãe, mas não nos informaram nada”, contou.

Filha diz que pacientes não tinham cobertores

A filha de Maria José, Terezinha de Melo Souza, 48 anos, aceitou conversar com o G1 na tarde desta sexta-feira. Terezinha cuidava da mãe, que era paralítica há 19 anos. “Ela era como uma boneca para mim e meus irmãos. Era uma pessoa vaidosa, que gostava de conversar. Não merecia um descaso desses”, lamenta.

Segundo ela, sua mãe apresentava quadro de pneumonia, mas, mesmo assim, não havia cobertores na enfermaria. “Tive que comprar três cobertores às pressas”, afirmou.

Ela disse ainda que acompanhantes de outros pacientes disseram que Maria José teria ficado suja, sem banho, de 8h até as 13h, no sábado. “Essa pessoa, que vou tentar localizar, novamente, contou que chegaram a retirar os aparelhos de minha mãe e ela reagiu, tendo convulsões.”

Com relação às denuncias sobre falta de cobertores, a direção do hospital informou que "não há falta deste insumo na unidade, assim como não há orientação para que os pacientes levem sua própria roupa de cama."

G1 > Edição Rio de Janeiro

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