A troca de comando na PM/RJ reavivou expectativas de mudanças no âmbito interno da corporação e no seu comportamento diante da sociedade.
Oficial de comprovada experiência, tendo em seu currículo o comando do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o coronel Mário Sérgio de Brito Duarte mostra as credenciais necessárias para combater o crime e, ao mesmo tempo, impor a disciplina e o rigor correcional necessário aos policiais militares.
Para a opinião pública, o comandante significa sangue novo na PM. Para os que fazem parte de suas fileiras, seu nome se traduz no fim do imobilismo e da falta de ações proativas que caracterizavam fortemente o comando anterior. Por isso, foi com estranheza que muitos receberam a notícia da criação do Boletim Disciplinar Reservado (BDR).
O BDR passou a ser, desde julho, o local onde as punições disciplinares dos policiais militares são publicadas. Se for sacramentado como tal se revelará um duríssimo golpe no princípio da transparência. Significará que a PM optou pelo caminho das ações secretas e escondidas da sociedade.
Médicos que negligenciam cuidados com os pacientes têm seus nomes revelados e são demitidos. Motoristas que atropelam têm carteiras cassadas e sofrem punições judiciais. O presidente do Senado enfrenta a exposição diária do seu nome. Por que só os policiais exigem absoluta discrição sobre os casos de desvios de condutas?
A medida é surpreendente e incompreensível. Tornou mais difícil acompanhar o trabalho das corregedorias e saber como os maus policiais são punidos. Porém, estamos convictos de que será repensada. Punições aos maus policiais devem ser objeto de boletins ostensivos, porque, mais do que nunca, a sociedade precisa saber com quem lida no cotidiano das ruas.
(*) Rogério Lisboa é deputado federal e presidente do DEM-RJ
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