quarta-feira, 25 de março de 2009

Professor de matemática é suspeito de aplicar golpes de R$ 200 mil

 

 

Da Zona Sul e com mestrado no currículo, ele teria compulsão por gastar.
Segundo a polícia, recibos de clínicas e médicos seriam fraudados.

Daniella Clark Do G1, no Rio

Ampliar Foto Foto: André Mourão/Ag. O Dia

Foto: André Mourão/Ag. O Dia

 

Morador da Zona Sul do Rio, o professor de matemática Alessandro da Silva, de 28 anos, com mestrado em informática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi preso em flagrante na última terça-feira (24) suspeito de receber até R$ 200 mil com golpes em seguradoras de planos de saúde no Brasil e no exterior.
Mais do que os valores, o que surpreendeu o delegado Antenor Martins, titular da 13ª DP (Ipanema), foi a inteligência de Alessandro para elaborar a fraude e sua compulsão por gastar o que recebia em joias, relógios e artigos de grife.
“Ele é um rapaz muito inteligente. Descobriu uma falha nos pagamentos de reembolsos, principalmente dos planos ‘tops’, em que a pessoa pode ir a qualquer médico, mesmo que não seja credenciado, e receber o reembolso. Ele passou então a falsificar recibos de clínicas e de médicos. Era tudo muito bem elaborado”, explicou Martins.

Segundo o delegado, os planos do professor teriam começado a dar errado quando ele cresceu o olho: em uma das seguradoras nacionais, o prejuízo foi de R$ 110 mil. De acordo com Martins, o suspeito seria o “cérebro” da operação e contava com a ajuda de uma cúmplice, de 50 anos. Por sua participação, ela receberia 30% dos valores. Eles agiriam há cerca de três meses, lesando inclusive uma empresa sediada no exterior, que teria pago em dólares pelo reembolso.

Tragédia familiar

O aumento no número de pedidos de reembolsos, no entanto, teria despertado a desconfiança de uma das seguradoras, que acionou a polícia. Uma equipe passou a monitorar os passos da dupla: eles acabaram presos em flagrante na terça (24) ao tentar receber mais um reembolso, no valor de R$ 26 mil, num shopping em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Para o delegado, a história pode ser vista ainda como uma tragédia familiar: com um currículo invejável, o jovem era o orgulho da família. Filho de um comerciante e de uma dona de casa, ele se formou em matemática pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e tem mestrado em informática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), segundo informa o currículo Lattes.
De acordo com a polícia, Alessandro tinha um salário de cerca de R$ 5 mil, fruto de seus trabalhos como funcionário público: ele é professor universitário e de ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), do Colégio Militar e da Secretaria estadual de Educação. Solteiro, o professor mora no Humaitá, na Zona Sul do Rio, com os pais e um irmão.
“Nunca foi bandido. Ele disse que tem compulsão por gastar. É um garoto tímido, introspectivo”, disse o delegado. “A mãe disse que está chocada. Que ele é um filho que nunca tinha dado problema”.
Nas casas do professor e sua cúmplice foram apreendidos cerca de 70 relógios de grifes, várias roupas de marca, além de joias, um laptop e celulares.

Advogados tentam liberdade provisória

A polícia continuará com as investigações para apurar se outras empresas foram lesadas. De acordo com o delegado, o rombo causado pode ser maior do que os R$ 200 mil já confirmados. Até a tarde desta quarta-feira (25), o professor e sua cúmplice continuavam presos na 13ª DP (Ipanema). Ele vai ser transferido ainda nesta quarta para o presídio Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, para onde são levados os presos com curso superior. Já a mulher irá para uma carceragem feminina.

Segundo um dos advogados de Alessandro, Vitória Sulocki, ele admitiu ter cometido a fraude em ao menos uma das seguradoras apontadas pela polícia. De acordo com a advogada, a prioridade da defesa agora é conseguir um habeas corpus para que o professor responda ao processo em liberdade.
"Como se trata de um crime de estelionato, sem violência, estamos tentando um habeas corpus. Embora tenha dano material, se for comprovado, nossa prioridade é que ele responda ao processo em liberdade. Prisão é reservada para quem traz perigo à sociedade, o que não é o caso dele", explica a advogada, ressaltando ainda que Alessandro tem bons antecedentes e domicílio fixo.

De acordo com o delegado, ele e sua cúmplice foram autuados por estelionato, com pena que pode chegar a cinco anos de reclusão.

 

G1 > Edição Rio de Janeiro

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