quarta-feira, 25 de março de 2009

Clínica de depilação a laser fecha, e ações se multiplicam na Justiça

 

 

 

No Rio e em São Paulo, já são mais de 50 processos contra a Neoskin.
Procon sugere registro policial por estelionato e apropriação indébita.

Alícia Uchôa Do G1, no Rio

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Foto: Rodrigo Costa Pereira / GloboEsporte.com

A filial carioca da empresa segue vazia (Foto: Rodrigo Costa Pereira / GloboEsporte.com)

Em busca da depilação perfeita, centenas de pessoas no Rio, em São Paulo e em Curitiba têm acumulado prejuízos por ter optado por pacotes promocionais de depilação a laser. Clientes da empresa Neoskin foram pegos de surpresa quando os telefones para marcação de sessões pararam de funcionar, o site saiu do ar e, no local, deram com a cara na porta. Já são mais de 50 ações na Justiça.
Unidas pela internet, as vítimas, que para conseguir os preços do serviço abaixo do mercado pagavam a vista por pacotes de até 12 sessões, criaram um blog, além de comunidades no orkut. Procurada pelo G1, a empresa não foi encontrada.

As discussões virtuais geraram um encontro no mesmo shopping onde funcionava a sede carioca da empresa e pelo menos 93 pessoas já se organizam para entrar com uma ação conjunta na Justiça. Na delegacia do bairro, algumas denúncias por estelionato foram registradas.

Prejuízo de até R$ 4 mil

“A gente quer o nosso dinheiro de volta. Muita gente não terminou as sessões, tem quem nem tenha chegado a fazer nenhuma e há até quem tenha gastado cerca de R$ 4 mil na empresa”, conta a estudante Charlene Gabriel, 25 anos, que, vítima da empresa, tem tomado a frente do caso no Rio, reunindo casos semelhantes.

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No bilhete afixado na porta da loja, a empresa alega mudanças administrativas (Foto: Rodrigo Costa Pereira / GloboEsporte.com)

Como o da técnica em seguros Ana Paula Rezende, que contratou os serviços em 2007, gastou R$ 2,4 mil e ficou sem fazer quatro sessões de depilação de quatro partes do corpo. “Estou desesperada. A principio as sessões seriam de 30 em 30 dias, depois passou para 45 dias, Mas sempre tinha uma máquina quebrada e, mais de um ano depois, não consegui fazer tudo”, reclama.

São Paulo

A situação não é muito diferente em São Paulo. A administradora de empresas Graziela Picoli, de 29 anos, gastou R$ 2 mil em setembro para cinco locais do corpo. Só conseguiu, no entanto, fazer duas sessões.
“Era difícil marcar porque eles sempre alegavam que as máquinas estavam quebradas. Na segunda sessão, a máquina não funcionava e os pêlos cresceram na semana seguinte”, lembra ela, que, depois de insistentes ligações incompletas, resolveu ir direto à clínica. “Cheguei lá e estava fechado. Os vizinhos falaram que raramente alguém vai lá”, diz Graziela.

Mais de 50 ações na Justiça

No Tribunal de Justiça do Rio já são pelo menos 36 ações em juizados especiais. Em São Paulo, são ao menos 17. “Depois da reunião do fim de semana, estamos esperando documentação de mais 80 pessoas para novos processos”, explica o advogado carioca Rodolfo Coutinho.
“Sabemos que eles já fecharam lojas no México. Isso tem típicos traços de falência”, diz a advogada Mariana Romani, que já tem clientes preparando duas ações para conseguir recuperar o dinheiro perdido, em São Paulo. Apesar da suspeita da advogada, não há registros de pedido de falência e o CNPJ da empresa continua ativo no site do Ministério da Fazenda.

Procon

Segundo o Procon do Rio, sem o pedido de falência, que dificultaria o ressarcimento das vítimas, há indícios de má fé. “Se houvesse falência, ações trabalhistas, impostos e funcionários teriam prioridade em receber pagamento. Mas, por esses casos relatados, está caracterizada a má fé”, explica o subsecretário adjunto de Direitos do Consumidor do Rio, José Teixeira.
“O primeiro passo, em se tratando de estelionato, é registrar queixa na delegacia. Apropriação indébita é crime e deve ser investigado. Em seguida, entrar na Justiça. Em casos como estes, a empresa, quando notificada pelo Procon, não costuma se pronunciar”, avisa ele.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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