domingo, 22 de março de 2009

Os sintomas da batalha diária da Polícia Militar

Metade da tropa está acima do peso e tem problemas para dormir. Estresse e falta de atividade física prejudicam desempenho dos PMs

Thiago Prado e Vania Cunha

Rio - Depois de um dia inteiro de trabalho árduo no Batalhão de Operações Especiais (Bope), começa a maratona de treinos de três Caveiras. Durante 18h por semana, eles se dedicam à prática de caratê, judô e jiu-jítsu, artes marciais que contribuem para a melhoria do desempenho no combate à violência. O trio é uma minoria no universo da corporação, que apresenta boa parte da tropa com graves problemas físicos e psicológicos.
“O esporte ajuda na saúde física e mental. O policial passa a ter mais autocontrole e pode evitar o uso da arma em algumas situações”, afirma o sargento Luiz Lima, 34 anos. A necessidade de o PM investir em seu bem-estar se comprova com o estudo divulgado ano passado pela Fundação Oswaldo Cruz. A pesquisa com 1.300 policiais, que resultou no livro ‘Missão Prevenir e Proteger’, alerta para os males sobre a vida e o trabalho da tropa.
O levantamento mostra, por exemplo, que mais da metade dos PMs entrevistados está acima do peso. A informação torna-se ainda mais preocupante considerando que boa parte das ações dos policiais cariocas se dá em morros íngremes, em combate com criminosos armados. “Lamento por nem todos terem acesso ao treinamento diário.
Todo policial deveria ter o mínimo de prática esportiva para ter controle e ser mais tranquilo nas ruas. Às vezes, muitos atiram porque não sabem usar a força ”, defende o sargento Roberto Silva, tricampeão brasileiro de judô e jiu-jítsu nos Jogos Brasileiros de Policiais e Bombeiros. No evento, que terá sua quarta edição no mês que vem, também participará o cabo do Bope Luciano Rodrigues.
Em outro trecho do livro, os policiais revelaram que o desgaste no trabalho também gera problemas psicológicos. Mais da metade dos PMs admite que dorme mal e sente-se nervoso, tenso ou agitado. “Podemos identificar como facilitadores do sofrimento mental a falta de treinamento, jornada excessiva, pouco descanso e precárias condições materiais e técnicas”, afirma, no livro, a pesquisadora Maria Cecília de Souza Minayo.

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