sexta-feira, 27 de março de 2009

OAB recebe denúncia de execução de morador do Morro da Providência.

Homem de 22 anos seria irmão de jovem morto por traficantes da Mineira.
Mãe das vítimas denuncia troca de identidade no hospital.

Do G1, no Rio

A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro afirmou nesta sexta-feira (27) que recebeu uma denúncia sobre a execução de um morador do Morro da Providência, na Zona Portuária do Rio. O ajudante de obras José Carlos Barbosa, de 22 anos, morto na quinta-feira (26), foi identificado pela polícia como traficante.

Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Margarida Pressburger, foi solicitada nesta sexta à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República proteção para a família de José Carlos Barbosa.

Irmão de jovem morto em 2008

Parentes e moradores do Morro da Providência denunciaram à comissão que o rapaz foi assassinado por policiais militares do 5º Batalhão quando estava desarmado e sem chance de defesa. Segundo a OAB, José Carlos era irmão de Marcos Paulo Campos, um dos três jovens que, em junho de 2008, teriam sido entregues por militares do Exército a traficantes do Morro da Mineira. Os criminosos da Mineira os mataram.

Dos 11 acusados, três estão presos e os outros oito respondem ao processo em liberdade.

“A OAB já tem informações suficientes para que esta denúncia seja apurada e os responsáveis, alguns dos quais já temos a identificação, responsabilizados. Isso não vai passar em branco”, afirmou Margarida Pressburger, para quem é fundamental, agora, assegurar proteção à família.

Agressão também à mãe, segundo OAB

A OAB disse que, a mãe de José Carlos, ao tentar ver o corpo do filho, teria sido agredida e jogada no chão pelos policiais militares. Eles também teriam dado socos e pontapés em outra senhora que tentou se aproximar. As duas ficaram com marcas na cabeça e nas pernas.

Nos depoimentos prestados na OAB, as testemunhas disseram que os policiais já chegaram na Rua do Monte atirando. Houve correria e José Carlos, que estaria passando pelo local, tentou se abrigar, quando foi atingido por três tiros. Os policiais, segundo os depoimentos, teriam enrolado o corpo dele num tapete e jogaram dentro do carro. Ele foi levado até o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde teria sido identificado como Jorge da Conceição Oliveira, o JG, que seria um conhecido traficante do local.

O corpo do rapaz, que segundo a família não tinha passagens pela polícia nem envolvimento com o tráfico local, foi sepultado nesta sexta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, em clima de revolta. Ele era casado, tinha um filho de 2 anos, e sua mulher está grávida. A OAB informou o caso também ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Freixo (PSOL).

A verdadeira identidade foi restabelecida com o reconhecimento dos parentes. No atestado de óbito, consta que José Carlos tinha “ferimentos transfixantes no pescoço, tórax e abdômen”.

PM confirma operação

Nesta sexta-feira, o coronel Mauro Teixeira, do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais da PM, confirmou a operação na Providência. O comandante disse que José Carlos estava armado e teria reagido à prisão. A arma que seria dele e as dos PMs foram apreendidas e serão periciadas.

Na noite desta sexta, a assessoria da PM reafirmou que a vítima estava armada e ainda estaria com drogas, além de informar que a Corregedoria da PM vai apurar a denúncia. O caso está sendo investigado também pela Polícia Civil.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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