Homem de 22 anos seria irmão de jovem morto por traficantes da Mineira.
Mãe das vítimas denuncia troca de identidade no hospital.
Do G1, no Rio
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro afirmou nesta sexta-feira (27) que recebeu uma denúncia sobre a execução de um morador do Morro da Providência, na Zona Portuária do Rio. O ajudante de obras José Carlos Barbosa, de 22 anos, morto na quinta-feira (26), foi identificado pela polícia como traficante.
Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Margarida Pressburger, foi solicitada nesta sexta à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República proteção para a família de José Carlos Barbosa.
Irmão de jovem morto em 2008
Parentes e moradores do Morro da Providência denunciaram à comissão que o rapaz foi assassinado por policiais militares do 5º Batalhão quando estava desarmado e sem chance de defesa. Segundo a OAB, José Carlos era irmão de Marcos Paulo Campos, um dos três jovens que, em junho de 2008, teriam sido entregues por militares do Exército a traficantes do Morro da Mineira. Os criminosos da Mineira os mataram.
Dos 11 acusados, três estão presos e os outros oito respondem ao processo em liberdade.
“A OAB já tem informações suficientes para que esta denúncia seja apurada e os responsáveis, alguns dos quais já temos a identificação, responsabilizados. Isso não vai passar em branco”, afirmou Margarida Pressburger, para quem é fundamental, agora, assegurar proteção à família.
Agressão também à mãe, segundo OAB
A OAB disse que, a mãe de José Carlos, ao tentar ver o corpo do filho, teria sido agredida e jogada no chão pelos policiais militares. Eles também teriam dado socos e pontapés em outra senhora que tentou se aproximar. As duas ficaram com marcas na cabeça e nas pernas.
Nos depoimentos prestados na OAB, as testemunhas disseram que os policiais já chegaram na Rua do Monte atirando. Houve correria e José Carlos, que estaria passando pelo local, tentou se abrigar, quando foi atingido por três tiros. Os policiais, segundo os depoimentos, teriam enrolado o corpo dele num tapete e jogaram dentro do carro. Ele foi levado até o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde teria sido identificado como Jorge da Conceição Oliveira, o JG, que seria um conhecido traficante do local.
O corpo do rapaz, que segundo a família não tinha passagens pela polícia nem envolvimento com o tráfico local, foi sepultado nesta sexta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, em clima de revolta. Ele era casado, tinha um filho de 2 anos, e sua mulher está grávida. A OAB informou o caso também ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Freixo (PSOL).
A verdadeira identidade foi restabelecida com o reconhecimento dos parentes. No atestado de óbito, consta que José Carlos tinha “ferimentos transfixantes no pescoço, tórax e abdômen”.
PM confirma operação
Nesta sexta-feira, o coronel Mauro Teixeira, do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais da PM, confirmou a operação na Providência. O comandante disse que José Carlos estava armado e teria reagido à prisão. A arma que seria dele e as dos PMs foram apreendidas e serão periciadas.
Na noite desta sexta, a assessoria da PM reafirmou que a vítima estava armada e ainda estaria com drogas, além de informar que a Corregedoria da PM vai apurar a denúncia. O caso está sendo investigado também pela Polícia Civil.
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