segunda-feira, 2 de junho de 2008

Polícia diz que milicianos 'vendem' controle de favela para traficantes

Milicianos estariam fazendo censo para passar informações a políticos que os apóiam.
Equipe de reportagem foi torturada numa favela de Realengo, na Zona Oeste.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

Responsável pelas investigações sobre os milicianos que torturaram e mantiveram em cárcere privado uma equipe de reportagem do jornal "O Dia", o delegado Cláudio Ferraz afirmou nesta segunda-feira (2) que a milícia estaria devolvendo o controle das favelas ao tráfico, em troca de dinheiro.

Titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Ferraz informou ainda que as milícias estão fazendo um censo de moradores de áreas ocupadas, cujos resultados seriam repassados para políticos envolvidos com suas ações.

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O crime ocorreu no dia 14 de maio na Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio, durante uma reportagem da equipe do jornal sobre a ação das milícias.

Segundo Ferraz, os grupos deram demonstrações de que não estão preocupadas com a segurança dos moradores. Depois de dominar, explorar e ameaçar as comunidades, eles passaram a ganhar mais dinheiro, devolvendo o controle das favelas ao tráfico de drogas.

“Temos informações de comunidades que eram dominadas pela milícia e que foram, grosso modo, 'vendidas' para traficantes”, explicou o delegado.
A segurança na favela foi reforçada desde o sábado (31). De acordo com a Secretaria estadual de Segurança Pública, alguns envolvidos nas agressões já foram identificados. A Polícia Militar afirma que o grupo já não age mais naquela localidade.

O Secretário Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, defende o enquadramento dos culpados no crime de tortura, que tem punição severa na lei. Existiriam atualmente 63 comunidades dominadas pela milícia na Zona Oeste e subúrbio, segundo um levantamento da prefeitura do Rio.

Ligações com a política

O delegado acrescentou que os milicianos têm também ligações com a política. “Nós temos, dentro da experiência no combate a esse tipo de crime, uma aproximação muito grande da atividade política. Então, eles exercem um domínio muito forte sobre a comunidade. Nesse caso específico, nós temos a informação de que eles estavam até providenciando um censo. Esse censo visaria no futuro, na época da eleição, uma negociação para que um determinado político que houvesse fechado um acordo com as lideranças milicianas pudesse ser o beneficiário dos votos nessa região”, explicou Ferraz.

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Na tarde desta segunda-feira, parentes de vítimas da violência, políticos, representantes de Organizações Não Governamentais, da Ordem dos Advogados do Brasil e do Sindicato dos Jornalistas protestaram em frente à Câmara de Vereadores, no Centro do Rio.

Equipe ficou duas semana na comunidade

No último dia 14, uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal, que estavam morando havia duas semanas na favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste da cidade, foram agredidos com socos e pontapés, sofreram asfixia com sacos plásticos e foram torturados durante sete horas e meia por integrantes da milícia que domina a comunidade. Ferraz não informou se o morador que também teria sido torturado junto com os jornalistas pediu ou está recebendo algum tipo de proteção da polícia.

G1 > Edição Rio de Janeiro .

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