quarta-feira, 4 de junho de 2008

Corregedoria da Alerj vai pedir cassação de Álvaro Lins

Segundo corregedor, relatório da PF tem indícios fortes para pedir quebra do decoro.
Álvaro Lins teria refutado acusações, dizendo que elas são 'ilações e suposições'.

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio .

O corregedor da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), disse que, em duas horas de depoimento, o deputado Álvaro Lins refutou toda as acusações. No entanto, baseado nas denúncias feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, Luiz Paulo disse que há indícios muito fortes para pedir a cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar.

"Minha convicção, depois que o depoimento acabou, é de que nada se alterou. Considero o relatório da PF e do MPF bastante consistente, com indícios e provas. Não foi apresentado nenhum fato novo que desmonte este inquérito. Muitos citados e indiciados estão lotados no gabinete do deputado, o que configura quebra de decoro parlamentar e posterior perda de mandato", disse Luiz Paulo.

De acordo com o corregedor da Alerj, sete pessoas ligadas ao gabinete do deputado Álvaro Lins foram citadas no relatório da PF. O delegado Luiz Carlos Santos e a ex-mulher de Lins, Luciana Gouveia dos Santos, que trabalhava na TV Alerj, foram exonerados. Também foram citados, Wanda Oliveira (ex-mulher do vereador  Francis Bullos, sogro do deputado), a delegada Daniele Bullos Araújo (sobrinha do vereador), Elizabeth Souza Mustrangi de Carvalho (mulher do inspetor Mário Mustrangi, o Marinho), Alexandre Sérgio Alves Vieira, o Tande (chefe de gabinete) e Simone Costa de Resende (secretária).

"O relatório da PF mostra que no momento em que Lins já estava eleito, foram feitas gravações de conversas escusas. Eram planos para o futuro, inclusive políticos de sua equipe. Não há como afastar sob hipótese alguma a  relação de nexo entre o momento pretérito e o atual", disse Luiz Paulo, afirmando que a Corregedoria não vai ouvir mais ninguém no processo.

Lins chegou a pedir adiamento

Segundo Luiz Paulo, Álvaro Lins, que estava acompanhado do advogado Ubiratan Guedes, chegou a pedir o adiamento do depoimento por 72 horas, alegando não ter total conhecimento dos autos. Mas o pedido foi negado. Em depoimento, segundo Luiz Paulo, Lins teria dito que as acusações não passam de "ilações, suposições e hipóteses".

Durante o depoimento, o corregedor permitiu que os deputados Paulo Melo e Cidinha Campos entrassem na sala. A deputada chegou a fazer perguntas a Lins, mas ele não respondeu.

Lins negou as acusações feitas pela PF nas operações Hurricane, Gladiador e Segurança Pública S/A. E admitiu ter apenas dois - apartamentos em Barra Mansa, no interior do estado - dos dez imóveis que são apontados como sendo de seu patrimônio.

O corregedor pretende aprontar o relatório, que será encaminhado à mesa diretora da Alerj, até a próxima terça-feira. O relatório depois de apreciado pela Mesa Diretora poderá ser encaminhado ou não à Comissão de Ética, que terá 90 dias de prazo pelo regimento interno para encaminhado o processo à votação em plenário. O voto para o pedido de cassação de mandato é fechado.

"Vou pedir para que este processo entre em regime de urgência. No meu entendimento, o deputado ainda tem direito de defesa oral e escrita no Conselho de ética, que é formado por nove deputados. Eles podem querer fazer outras perguntas ao deputado. Mas de uma maneira geral, temos conseguido votar processos de cassação bem antes do prazo. Sou favorável ao voto aberto. O voto fechado esconde as reais intenções e as pessoas vacilam mais facilmente. Mas pela Constituição federal, o voto tem de ser fechado", disse o corregedor.

G1 > Edição Rio de Janeiro .

Nenhum comentário: