domingo, 1 de junho de 2008

Alerj: sequência de crises

Acusação contra Álvaro Lins é outro caso que arranha a imagem da Casa

Mahomed Saigg, Michel Alecrim e Paulo Celso Pereira

Rio - Nunca a posição da estátua de Tiradentes, na Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio, de costas para o palácio que leva seu nome, foi tão condizente com o clima na Assembléia Legislativa (Alerj). A honra do herói da Inconfidência Mineira se opõe à atual imagem da Casa. A denúncia de lavagem de dinheiro e de formação de quadrilha armada contra o deputado Álvaro Lins (PMDB) é o capítulo mais recente da crise que inclui as fraudes no auxílio-educação.

Contra os parlamentares fluminenses também pesam acusações de mau uso de dinheiro público quando ocupavam outros cargos, queixas por declarações ofensivas e até de homicídios. Além de decepcionar a sociedade com as suspeitas de envolvimento em crimes, os políticos gozam do privilégio de só poderem ser presos em flagrante e por prática de crime inafiançável.

A denúncia contra o ex-chefe da Polícia Civil do Rio colocou a Alerj novamente na berlinda, no momento em que a Casa tentava se recuperar do abalo sofrido com a nomeação de ‘fantasmas’ para fraudar o auxílio-educação. Mesmo tendo cassado as deputadas Jane Cozzolino (PTC) e Renata do Posto (PTB), a Alerj ainda tem cheiro de pizza em seus corredores.

Muito tempo dedicado a investigações

Enquanto deveriam estar votando leis de interesse da população fluminense ou acompanhando a administração do estado, os deputados tiveram, este ano, que passar a maior parte do tempo tratando de denúncias de corrupção envolvendo os próprios parlamentares.
O caso mais emblemático foi o das fraudes na concessão do auxílio-educação. As irregularidades foram encontradas em nomeações feitas em 22 gabinetes. Segundo o Ministério Público Estadual, cinco parlamentares tiveram envolvimento direto nas fraudes: Jane Cozzolino (PTC), Renata do Posto (PTB), Tucalo Dias (PSC), Edino Fonseca (PR) e João Peixoto (PSDC).
No plenário da Casa, Jane e Renata do Posto foram as únicas que tiveram os mandatos cassados. Tucalo, Edino e Peixoto escaparam.

VÍTIMAS ERAM POBRES E COM MUITOS FILHOS

Além do desvio de dinheiro público, o esquema de fraudes no auxílio-educação ficou marcado pela exposição das vítimas, que tinham um perfil bem definido: trabalhadores carentes, com muitos filhos e que ficaram com o nome sujo na praça por causa da ação dos golpistas. Os aliciadores chegaram a fazer empréstimos em nome das vítimas.
Gabinetes de parlamentares que deveriam zelar pela boa aplicação do dinheiro público foram utilizados para desvios que, somados, chegaram a um rombo de R$ 3,5 milhões. Foram encontradas irregularidades em 559 auxílios concedidos a funcionários ‘fantasmas’.

A recordista de fraudes foi a deputada cassada Jane Cozzolino. Em seu gabinete, foram constatados 279 benefícios irregulares.

O DIA Online

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