quarta-feira, 4 de junho de 2008

Jornalistas torturados reconheceram suspeitos, diz polícia

Preso em regime semi-aberto seria o segundo na hierarquia de milícia.
Chefe do grupo no Batan, em Realengo, seria um policial civil e está foragido.

Do G1, no Rio

 Policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e de Inquéritos Especiais (DRACO) apresentaram na tarde desta quarta-feira (4) um preso em regime semi-aberto que seria integrante do grupo de milicianos da Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio, que sequestrou e torturou uma equipe de jornalismo do jornal “O Dia”. O chefe da milícia também já foi identificado: é um policial civil e está foragido. Segundo a polícia, ambos os suspeitos já foram identificados pelos jornalistas.

Davi Liberato de Araújo, de 32 anos, foi apontado pelos agentes da Draco como o segundo na hierarquia do grupo criminoso. O suspeito, contudo, afirma que não tem envolvimento com o crime.

“No dia do acontecido eu estava na penitenciária. Se vocês forem checar a documentação vão ver que eu estava lá, e que, por isso, não posso ter participado do crime”, afirmou.

A polícia, no entanto, afirma já ter evidências de que Davi participava da milícia nos períodos de liberdade concedida do regime semi-aberto. De acordo com o delegado Cláudio Ferraz, Davi teve regime de prisão alterado para sistema fechado esta quarta, graças a uma determinação judicial.

Foto: Reprodução

Reprodução

Odnei é apontado pela polícia como chefe da milícia do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio. (Foto: Reprodução)

Polícia procura chefe da milícia

Os policiais fizeram ainda operação para prender o chefe da milícia, o policial civil Odnei Fernando da Silva, que já tem mandado de prisão expedido e está foragido.

De acordo com o delegado, Odnei é ex-agente penitenciário e já foi preso pelo crime de homicídio. Ele assumiu o posto de policial graças a uma determinação judicial, que garantiu seu ingresso na corporação mesmo já tendo passagens pela polícia.

A polícia já tem outros suspeitos, mas não sabe dizer quantos criminosos fariam parte da milícia.

Jornalista reconheceu voz

Os agentes da Draco investigam ainda a hipótese de participação de policiais militares no crime e a existência de um cemitério clandestino que seria usado pela quadrilha.

Ainda segundo o delegado, a jornalista de "O Dia" feita refém afirma ter reconhecido a voz do assessor do deputado Coronel Jairo durante a sessão de tortura.

“A jornalista reconheceu a voz do assessor durante uma sessão de tortura na qual ficou com um saco na cabeça. Além disso, ela também relatou que, durante a tortura, ouviu a voz fazer o relato de um acontecimento que permitiu que ela confirmasse sua suspeita. Nós ainda estamos investigando a possível participação do assessor do parlamentar no crime”.

Foto: Alice Assumpção/G1

Alice Assumpção/G1

Davi Liberato de Araújo foi apresentado nesta quarta-feira pela polícia. (Foto: Alice Assumpção/G1)

O deputado Coronel Jairo afirmou ao RJTV que não atua em Realengo, nem tem nenhum assessor com o nome de "Betão", como o agressor teria se apresentado. Ele afirmou ainda que repudia veementemente a ação das milícias.

Socos e choques elétricos

A denúncia de que os jornalistas tinham sido feitos reféns e torturados foi a manchete da edição de domingo (1) de “O Dia”, que chegou no sábado (31) à tarde às bancas. Uma repórter, um fotógrafo e um motorista foram seqüestrados e mantidos em cárcere privado.
Segundo o jornal, a equipe fazia uma reportagem na favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio, sobre a ação das milícias, que são grupos paramilitares que dão suposta proteção aos moradores em troca de dinheiro e do domínio da região.
A reportagem revela ainda que os profissionais estavam vivendo na comunidade, em uma casa alugada, por um período de duas semanas.

Jornalistas foram capturados em 14 de maio

Eles foram capturados no dia 14 de maio. Segundo o jornal, o fotógrafo, o motorista e um morador foram rendidos por um grupo armado e encapuzados. De lá seguiram até a casa onde estava a repórter. Ela também foi capturada e os quatro foram levados para um cativeiro.
De acordo com o jornal, em sete horas e meia de terror, a equipe foi submetida a socos, pontapés, choques elétricos e sufocamento com saco plástico. Segundo a reportagem, os profissionais foram soltos sob a condição de não denunciarem os agressores.

G1 > Edição Rio de Janeiro .

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