sábado, 15 de novembro de 2008

O Dia Online

Rio

A forte chuva que atingiu o Estado do Rio de quinta-feira à noite até a manhã de ontem provocou uma morte, deixou pelo menos 24 desabrigados e 53 desalojados. Uma criança de 9 anos morreu soterrada em Volta Redonda. Acidentes e deslizamentos de encosta obstruíram estradas. Em São Gonçalo, colisão de uma van e uma Kombi matou adolescente de 15 anos que estava grávida. Outro acidente na Região Serrana deixou mais um morto. A Defesa Civil Estadual se mantém em alerta.
As áreas mais castigadas pelo temporal foram a Baixada, a Serra e o Sul Fluminense. Em Volta Redonda, Isabela Vieira Ferreira, que completaria 10 anos na semana que vem, morreu após deslizamento de terra sobre sua casa às 22h30 de quinta-feira. Ela e a mãe, Josiane Vieira, 31, foram retiradas dos escombros uma hora depois, mas a menina não resistiu.
Em Belford Roxo, um dos municípios mais afetados, quem saiu de casa de manhã foi surpreendido por um mar de lama: 30 mil pessoas ficaram ilhadas. O Rio Botas transbordou, alagando três campos de futebol e diversas ruas dos bairros Babi, Parque Amorim, Santa Maria, Itaipu, Xavante, Parque São José e São Francisco. A água batia na cintura em alguns trechos, obrigando moradores a sair de casa em barcos.
O vigia Benedito Lira Gomes, de 64 anos, lamentou a perda de uma geladeira. Às 5h, sua casa de três cômodos foi invadida pelo rio e ele teve que correr para o ponto mais alto do quintal: “Consegui colocar meu guarda-roupas em cima da cama”.
Em São João de Meriti, o ajudante de pedreiro Marcos Batista da Silva, 24, foi soterrado por escombros do andar superior quando dormia no quarto. “Pensei que fosse morrer. Não conseguia respirar nem mexer as pernas. Nasci de novo graças a parentes e vizinhos”, disse.
O marceneiro Rodrigo de Souza Alves, 48, foi um dos 200 que ficaram ilhados na Rua Agulhas Negras, no bairro Vila Rosário, em Duque de Caxias. “Minha casa foi alagada. Vivemos no descaso”, protestou. Em Nova Iguaçu, os bairros que mais sofreram foram Andrade Araújo e Prata, onde ruas inteiras ficaram inundadas. Em São João de Meriti, duas casas desabaram e um deslizamento de terra destruiu a cozinha de um imóvel.
Na capital, foram registradas 26 ocorrências, sem feridos graves. As regiões mais afetadas foram Centro, Bangu e Brás de Pina, com ocorrências como infiltração, desabamento de reboco e ameaça de queda de muro.
Na Serra, Petrópolis registrou 46 ocorrências. O prefeito Rubens Bomtempo anunciou que, até domingo, um posto avançado de serviços será montado para atender aos afetados pela tempestade, que deixou dois desabrigados e 18 desalojados na cidade. Na manhã de ontem, os bombeiros resgataram a dona de casa Vera Lúcia Fernandes Emmel, 53, e o filho Alex Emmel, 19, que foram soterrados em casa por uma barreira que deslizou no Centro. Hospitalizados, ambos passam bem.
O temporal foi provocado por uma Zona de Convergência do Atlântico Sul, explicou o diretor da Defesa Civil do Estado, coronel Souza Filho. Uma frente fria vinda do sul associada a um corredor de umidade da Amazônia teria causado as precipitações. Apesar de o Climatempo prever tempo ensolarado no fim de semana, há possibilidade de pancadas de chuvas localizadas.
ACIDENTES DEIXARAM 15 FERIDOS
A forte chuva também causou diversos acidentes de trânsito, que resultaram na morte de duas pessoas e deixaram 22 feridos, sem gravidade. Na Região Serrana, uma mulher morreu e 15 pessoas ficaram feridas em dois acidentes na rodovia RJ 116 (Itaboraí-Nova Friburgo), na madrugada de ontem, quando a chuva levou a Defesa Civil a interditar por diversas vezes a pista, durante todo o dia.
Na capital, um ônibus e dois carros de passeio bateram na Avenida Brasil, na altura da Linha Vermelha, por volta das 5h30m. Não houve feridos. Mais cedo, às 3h30m, um Jipe Suzuki capotou na Auto-Estrada Lagoa-Barra, próximo ao Túnel Zuzu Angel, sentido Rocinha. O motorista e o carona do veículos sofreram ferimentos leves.
Franciele de Moura Rodrigues, 15 anos, grávida de 4 meses, morreu em acidente entre uma van e uma Kombi na Rodovia Amaral Peixoto, em São Gonçalo, na manhã de ontem. Outras cinco pessoas ficaram feridas, sem gravidade.
A CAMINHO DA ESCOLA

A vítima fatal faria hoje a primeira ultrassonografia para identificar o sexo do bebê. Mas a forte chuva que desabou sobre o Rio na madrugada de ontem, deixando pistas alagadas, matou a jovem. Ela ia para a escola, em Niterói, e morreu na hora. O noivo, Rodrigo da Silveira, 24 anos, lembrou sua última conversa: “Pedi para ela não ir à escola, já que tinha chovido muito. Ela disse que não podia faltar e que me amava”, comentou.

Foto: Leitor Cicero Cardoso da Silva
Menina de 9 anos é soterrada em Volta Redonda.
Na Baixada, morador pesca em rua, mostra leitor

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