terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diesel ficará menos poluente e mais caro, admite Petrobras

CIRILO JUNIOR

da Folha Online, no Rio
A utilização de diesel menos poluente na frota brasileira deverá impactar diretamente no bolso do brasileiro. O diesel S-50, que terá 50 ppm (partes por milhão) de enxofre, custará em média 10% a mais nas refinarias da Petrobras, estimou nesta terça-feira (4) o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa. O S-50 será utilizado a partir de janeiro pelas frotas de ônibus urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

"O diesel S-50 tem um valor comercial maior que o diesel S-500, vai ter um preço diferenciado. A Petrobras está investindo algo em torno de US$ 4 bilhões para termos esse diesel, e isso terá que ser repassado para o preço", afirmou o diretor, em coletiva na sede da Petrobras, no Rio.

O executivo acrescentou que não foi definido qualquer tipo de incentivo à estatal para compensar o preço mais caro do diesel. Segundo ele, a empresa vai debater internamente a política comercial de precificação do produto.

Um acordo firmado entre o Ministério Público Federal, Petrobras, Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis), ANP (Agência Nacional do Petróleo), fabricantes de veículos e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) definiu que o diesel S-50 vai substituir o diesel S-500 (com 500 ppm de enxofre) nas frotas de ônibus de Rio e São Paulo no início do ano que vem.

O trato é resultado das discussões em torno da resolução 315/2002 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que previa que fosse vendido diesel S-50 nas regiões metropolitanas do país a partir de janeiro de 2009. A medida não será cumprida integralmente, já que a ANP só definiu as especificações do diesel em outubro de 2007, e as montadoras não poderiam ter os motores imediatamente.

Os motores desses veículos, no entanto, não serão trocados ainda, o que reduzirá a eficácia do diesel S-50. De acordo com Costa, a emissão de poluentes cairá entre 5% e 10% sem os motores do tipo P-6. Quando o diesel for aplicado nesses motores, o que só acontecerá a partir de 2012, a emissão de poluentes cairá 70%.

O acordo prevê um cronograma de implementação do diesel menos poluente nas regiões metropolitanas do país que se estenderá até 2012, quando os novos motores estarão disponíveis. Para o chamado diesel interior, distribuído fora das regiões metropolitanas, haverá redução, em janeiro de 2009, dos atuais 2.000 ppm para 1.800 ppm.

Costa frisou que a Petrobras se comprometeu a distribuir o S-50 mesmo sem que haja os motores necessários. A estatal investe na construção de 12 unidades de tratamento de diesel nas refinarias, que estarão prontas entre 2010 e 2011. Até lá, o diesel S-50 será importado, o que impactará na balança comercial da companhia, já que o combustível é mais caro.

"Os benefícios com a utilização do diesel sem os motores adequados são muito pequenos, não chegam nem no calcanhar do que previa a resolução", lamentou.

O novo acordo prevê ainda que a partir de 2013, a Petrobras comece a introduzir no mercado o diesel S-10 (10 ppm de enxofre). Anteriormente, a previsão era que esse combustível começasse a ser comercializado apenas em 2016. Costa afirmou que será necessário investir mais US$ 2 bilhões para a fabricação do diesel ainda menos poluente.

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