sábado, 15 de novembro de 2008

Inca desaconselha homens sem sinais de câncer de próstata a fazer o exame de toque retal

 

Extra

Uma boa notícia para os homens que sempre ficavam cabreiros quando o assunto era prevenção do câncer de próstata: o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou ontem uma nota em que não indica a homens sem sintomas (sangue na urina, necessidade freqüente de urinar, jato urinário fraco, dor ou queimação ao urinar) a realização periódica do toque retal e do exame de PSA (sangue). Segundo o órgão, estudos não conseguiram relacionar esse tipo de rastreamento a uma diminuição do número de mortes pela doença.

- Não existem evidências científicas de que o rastreamento para o câncer de próstata reduza a mortalidade causada pela doença - diz Ana Ramalho, gerente da divisão de gestão da rede oncológica do Inca.

Ainda segundo o comunicado do instituto, a Organização Mundial de Saúde não recomenda a estruturação de programas de rastreamento para o câncer de próstata.

Pacientes esclarecidos

O Inca recomenda aos médicos que indicam os exames periodicamente a seus pacientes que informem a eles sobre os riscos e os benefícios associados a essa prática. "No entanto, o homem sempre deve procurar o urologista na presença de algum sinal de alerta", afirma a nota.

- Estudos demonstram que o câncer de próstata é evidenciado histologicamente em 30% dos exames pós-morte em homens com mais de 50 anos. Isso significa que, num grande número de homens, a doença está presente, mas nunca evoluirá - afirma Ana Ramalho.

Estão em curso dois grandes estudos - um que reúne dados de oito países da Europa e outro, nos EUA - que investigam o impacto da realização de exames periódicos na mortalidade masculina. Até agora, as pesquisas constataram excesso de diagnóstico de câncer de próstata nos grupos analisados e maior probabilidade de encontrar tumores de lenta progressão (a maioria) que, muitas vezes, nem chegariam a afetar a saúde do paciente, mas, quando detectados, exigem que o homem se submeta a tratamentos.

E o que os médicos do Inca ponderam é que nenhum tratamento é isento de riscos. A radioterapia ataca não só as células tumorais, mas também células saudáveis da bexiga e do reto, o que pode deixar seqüelas. Outros riscos são a possibilidade de impotência sexual e incontinência urinária.

Sociedade médica recomenda os testes

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) tem, no entanto, uma posição diferente. Às vésperas da 5 Campanha Nacional de Combate ao Câncer de Próstata, que começa nesta segunda, Dia Nacional de Combate à doença, a entidade defende a realização do exame de toque retal, associado à dosagem do PSA, como única forma de se detectar precocemente a doença.

- A prevenção é a única forma de se diagnosticar o câncer em estágio inicial, quando ele é curável em 90% dos casos. É preciso conscientizar os homens de que a doença não tem sintomas, então esperar sentir alguma coisa para procurar um urologista é um erro grave - diz o presidente da SBU, José Carlos de Almeida.

De acordo com dados do Inca, em média, são detectados cerca de 50 mil novos casos da doença por ano.

A SBU recomenda que homens com casos de câncer de próstata na família iniciem os exames a partir dos 40 anos. Os demais podem começar aos 45 anos.

Extra Online

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