quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Polícia faz megaoperação para encontrar corpos de Tota e seu comparsas no Complexo do Alemão

Ana Cláudia Costa - O Globo,
Camilo Coelho e Fabiano Rocha - Extra, RJTV e
Patrícia Sá Rêgo - O Globo Online

RIO - Pelo menos dois bandidos morreram e um policial civil ficou ferido na cabeça durante a megaoperação policial para resgatar corpos que seriam de traficantes que teriam sido mortos na segunda-feira, numa guerra interna de uma facção criminosa. Entre os mortos estaria o traficante Antônio José Ferreira, o Tota, o primeiro na lista de procurados pela polícia do Rio, seus dois irmãos e mais cinco aliados. Pelo menos cinco corpos já foram encontrados na favela.( Complexo do Alemão, a faixa de Gaza carioca )
Na chegada da polícia ao local, criminosos soltaram fogos. Uma bomba de fabricação caseira também foi lançada contra os policiais. Eles trocaram tiros com bandidos, e dois homens ainda não identificados, que de acordo com a polícia seriam traficantes, morreram. O policial Alexandre Marchon, de 26 anos, foi baleado na Favela Nova Brasília. Ele estava em cima da laje de uma casa da favela, quando foi atingido por um tiro. Marchon é lotado na Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), e estaria em sua primeira operação. Ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e está sendo operado. Segundo médicos, o estado de saúde do policial é grave.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, cerca de 800 policiais participam da ação, além de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Policiais da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) estouraram um paiol com munições, armas e drogas na Favela da Grota. O local era usado pelo tráfico para manutenção de armas.
Na estréia, novo caveirão enguiça
A operação de ocupação começou na tarde da terça. Cerca de 80 homens do Batalhão de Operação Especiais (Bope) ocuparam parte do Alemão, mas até o início da noite nenhum corpo havia sido encontrado. Na operação, um dos novos caveirões da polícia enguiçou no alto da Favela Nova Brasília. A Secretaria de Segurança informou que o veículo tinha sido atingido por uma granada. O veículo foi rebocado, com cabos de aço, por outro blindado, mas o caveirão antigo que rebocava o novo também enguiçou. Foi preciso que os PMs pegassem água num bar em frente para pôr no radiador.
Tota teria sido morto por ordem do traficante Fernandinho Beira-Mar, como apontam setores de inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança. Eles teriam sofrido uma emboscada na Rua Joaquim de Queiroz, acesso à Favela da Grota, em Ramos. A execução teria sido uma represália dos principais chefes da facção criminosa de Tota, como Beira-Mar e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP (que chegou a ser apontado como o mandante do suposto assassinato de Tota), que estão presos em penitenciárias federais em Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). O motivo seria o seqüestro de três operários chineses e do vice-cônsul do Vietnã, Vu Thanh Nam, ocorrido na Estrada das Paineiras, em agosto . Segundo as investigações, a quadrilha de Tota errou ao praticar o crime, pois a ordem era seqüestrar turistas estrangeiros que pudessem ser usados como moeda de troca, para exigir o retorno dos chefes da facção para presídios do Rio. Além disso, o bando teria perdido em operações policiais grande quantidade de drogas e armas.
Os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar citam ainda como causa da morte de Tota a execução de uma mulher que era querida entre os chefes de sua facção criminosa, mas que Tota acreditaria ser uma traidora. Tota também teria, de acordo com a polícia, dado uma surra num traficante conhecido como Mike, da Vila Cruzeiro, e não estava aceitando passar o comando do tráfico no Complexo do Alemão para Luciano Pezão (acusado de ter assassinado Tota). Tal comportamento, ainda de acordo com investigações da polícia, estavam desagradando à facção criminosa, que mandou executá-lo. Ministério Público denuncia quadrilha do traficante Tota, que estaria morto
A 6ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva, nesta terça-feira, contra o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota e mais sete acusados pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de drogas no Morro da Fé, Morro do Sereno, Vila Cruzeiro e Morro da Caixa D'Água, na Zona Norte. Da manhã da terça-feira até a tarde, o serviço registrou 12 denúncias informando a possibilidade de Tota ter sido morto por criminosos da mesma facção.
O Ministério Público também denunciou Jansen Paraíba; Fabiano Anastácio da Silva, o FB; Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica; François Soares Suassuna; Marcelo Santana Viana, o Marcelino; Ricardo Severo, o Faustão; e Adriano Lima da Silva, o Diabão. Segundo a denúncia, os acusados controlavam o tráfico e a venda de drogas nos morros, cumprindo determinação dos chefes da facção. A polícia monitorou as transações da quadrilha utilizando, inclusive, interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial. As investigações indicaram que Tota seria o chefe da quadrilha.

Em maio de 2007, o Disque-Denúncia aumentou a recompensa do traficante Tota de R$ 2 mil para R$ 10 mil para quem desse informações que levassem à prisão do criminoso. Nesse período foram registradas 422 denúncias sobre o traficante e outros integrantes da mesma quadrilha.

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