sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Deputado Jorge Babu tem envolvimento com milícias, diz Beltrame

Dos seis presos na operação desta sexta-feira (5), quatro eram PMs. Cadastros de moradores com foto e título de eleitor foram apreendidos.

Carolina Lauriano Especial para o G1, no Rio

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (5) sobre a operação contra a mílicia no Rio, que o deputado estadual Jorge Babu ( suspenso temporariamente do PT) está envolvido com a milícia.
"Existe um envolvimento do Jorge Babu sim", disse o Beltrame, em entrevista realizada nesta tarde.
A corregedora corregedora da Polícia Civil, Ivanete Fernanda de Araújo, foi veemente ao afirmar o envolvimento de Babu:
“Ele divide a gerência da administração da quadrilha de milicianos com um oficial da Polícia Militar, isso é o que as investigações indicam”.
Ela também disse que, nas investigações, há fortes indícios de que o deputado obrigaria as pessoas a trocarem o foro eleitoral para que pudessem votar nele. Mas, não foi expedido nenhum mandado na residência do deputado porque ele tem foro privilegiado. No final do mês passado, o MP denunciou o deputado por formação de quadrilha armada e extorsão.

Procurado pelo G1, Jorge Babu informou, por meio de sua assessoria de imprensa nesta sexta-feira (5), que nega todas as acusações. A assessoria disse ainda que o parlamentar entregou nesta semana à CPI das Mílícias da Assembléia Legislativa do Rio, e também ao diretório regional do PT, um documento que autoriza a quebra de sigilo bancário e telefônico dele.

Seis presos, sendo quatro PMs
Dos dez mandados de prisão que estavam previstos na operação contra milicianos realizada na manhã desta sexta-feira, pela Polícia Militar e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), seis foram cumpridos. Desses detidos, quatro eram PMs: um soldado, dois cabos e um tenente-coronel que, de acordo com os investigadores, já estava afastado da corporação.

Dos quatro mandados que não foram cumpridos, um é de um fuzileiro naval, que precisa se apresentar à corregedoria em no máximo dez dias, senão responderá por deserção.
De acordo com o delegado titular da Draco, Cláudio Ferraz, a ação desta sexta-feira foi realizada em comunidades das zonas Norte e Oeste além do Centro do Rio.

Pagamento de taxa
Também estavam previstos 20 mandados de busca e apreensão e, segundo a corregedora, todos foram cumpridos. Entre o material apreendido, estavam fichas de cadastro de moradores da Favela da Foice, na Zona Oeste, que incluíam nomes, fotos e o título eleitoral.
A corregedora afirmou que os milicianos exigiam aos habitantes da comunidade o pagamento de uma taxa para eles terem direito, por exemplo, à segurança, gás e TV a cabo ilegal - chamado de 'gatonet'. Ela contou ainda que até mesmo posses de terreno eram negociadas pela quadrilha.
"Os moradores não podiam receber nem correspondências ou remédios, se não estivessem com as taxas em dia. Além disso, muitos eram obrigados a fornecer autorização para que propagandas eleitorais fossem fixadas em suas residências", disse Beltrame.
No local, também foi apreendido material de campanha do candidato a vereador Elton Babu, do PT, irmão do deputado Jorge Babu. Segundo os investigadores, Elton teria o apoio de milicianos. “Preliminarmente pode se dizer que ele cometeu crime eleitoral”, afirmou o secretário. Mas, segundo a corregedora, o candidato não aparece nas investigações da polícia: “A partir de agora, temos que esperar Ministério Público se pronunciar”, disse Ivanete.
De acordo com Beltrame, todo o material relacionado a questões eleitorais será encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

As operações vão continuar
Segundo Beltrame, o combate ao crime organizado foi estabelecido como prioridade tanto pela secretaria quanto pela polícia. “As operações não vão parar. Podemos dizer que a principal milícia do estado está desarticulada com esse trabalho”, afirmou o secretário. De acordo com o delegado titular da Draco, interceptações telefônicas foram feitas durante as investigações e foram obtidas conversas com referência à execução de determinadas pessoas, além de citações sobre a participação do deputado Jorge Babu em homicídios cometidos pelos milicianos. Ferraz informou que em 2007 foram expulsos 210 policias militares e, até agosto de 2008, 151 PMs foram demitidos. Ele também revelou o balanço desde 2002: foram expulsos da corporação 1.081 PMs.

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