sábado, 6 de fevereiro de 2010

PMs são indiciados por extorsão contra o traficante Willian Robocop

Marcelo Gomes

Operação no Morro do Borel

Willian Robocop chega à 17ª DP, após ser preso no Morro do Borel. - Foto: Marcelo Theobald/02.08.2009

Quatro policiais do 6º BPM (Tijuca) foram indiciados no inquérito 4516/2009 da 19ª DP (Tijuca) pelos crimes de extorsão e cárcere privado contra o traficante Willian Vieira Rodrigues, o Willian Robocop, acusado de chefiar a venda de drogas no Morro do Borel, na Tijuca.

Além de indiciar os PMs, o delegado Walter Oliveira, então titular da 19ª DP, também pediu à Justiça a prisão temporária do tenente Jaguaribe do Nascimento Ferreira, do sargento Julio Cesar Portela de Goes, do cabo Alexandre Catarino e do soldado Marcelo Theodoro Miranda.

Robocop foi preso no dia 2 de agosto do ano passado, numa casa na Ladeira do Moreira, no Borel. O bandido, até então um dos mais procurados do Rio, foi levado à 17ª DP (São Cristóvão), onde chegou depois das 18h. Em seu depoimento, Robocop disse que foi preso pelos policiais ao meio-dia, e que, para libertá-lo, os PMs teriam exigido R$ 200 mil, ouro e três fuzis.

Já os PMs disseram em depoimento que entraram no Morro do Borel por volta das 9h. O objetivo seria dar auxílio ao carro blindado do 6º BPM, que estava enguiçado no alto do morro. Segundo os PMs, o veículo foi consertado às 14h50m, mas eles teriam permanecido na favela porque tinham a informação do local onde Robocop estava escondido. Os PMs teriam invadido a casa às 15h20m, prendendo o traficante.

Entretanto, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, feitas num inquérito da 19ª DP que investiga o tráfico de drogas no Borel, comprovaram, por meio de conversas de pessoas da comunidade, “a real possibilidade de exigência de vantagem e, principalmente, confirma o tempo de permanência do citado elemento (Robocop) confinado”.

Testemunhas confirmaram acusações

Testemunhas ouvidas no inquérito da 19ª DP contaram que, após Robocop ter sido preso, o bandido telefonou para pessoas próximas e pediu a elas que arrumassem o dinheiro e as armas que teriam sido exigidas pelos PMs para libertá-lo.

As testemunhas disseram ainda que foram entregues aos policiais dois fuzis (um G3 e outro 7.62), um cordão de ouro e duas pulseiras que pertenciam a Robocop, além de alguns anéis e outras pulseiras conseguidas com pessoas conhecidas.

Em novo depoimento, desta vez na 19ª DP, Robocop confirmou as acusações feitas contra os policiais na 17ª DP, no dia em que foi preso. O traficante também reconheceu na delegacia os quatro policiais, por meio de fotos.

O tenente Jaguaribe do Nascimento Ferreira, que comandou a operação que resultou na prisão de Robocop, também foi intimado a depor na 19ª DP, “mas negou-se a prestar declarações, sob a alegação de que tinha conhecimento do inquérito policial militar instaurado na corporação e reservou-se a prestar declarações naquele procedimento. Da mesma forma comportou-se o tenente-coronel Fernando Príncipe, comandante do 6º BPM”.

IPM ainda está em andamento

O relatório do inquérito foi concluído no dia 11 de setembro e encaminhado ao Ministério Público.

A assessoria de imprensa do MP, entretanto, informou que entrou em contato com a secretaria do órgão na Auditoria de Justiça Militar (onde os policiais militares são julgados), mas que não localizou qualquer procedimento em nome dos quatro PMs indiciados pela Polícia Civil. Da mesma forma, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio informou que não localizou qualquer processo na Auditoria Militar em que os PMs figuram como réus.

Já a Coordenadoria de Comunicação Social da PM limitou-se a informar que o inquérito policial militar (IPM) ainda está em andamento.

Procurado pelo EXTRA, o tenente Jaguaribe do Nascimento Ferreira disse que, como o caso envolve PMs em serviço, deve ser investigado pela Polícia Judiciária Militar (Corregedoria da PM).

— As denúncias estão sendo apuradas pela PM e estamos respondendo normalmente. Não sei o que a Polícia Civil tem com isso.

Caso de Polícia - Extra Online

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