terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Traficantes do Pavão-Pavãozinho auxiliaram comparsas de Antares na invasão ao Barbante

POR BARTOLOMEU BRITO

Rio - Traficantes de Antares tiveram a ajuda de comparsas do Morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na tentativa de invasão à Favela do Barbante, em Campo Grande, na Zona Oeste, na madrugada desta terça-feira. Os criminosos teriam migrado para Santa Cruz após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no morro da Zona Sul para auxiliar a tomada dos pontos de vendas de drogas do Barbante - hoje a comunidade ainda é controlada por milicianos remanescentes da Liga da Justiça.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Moradores acompanham o trabalho da polícia e da Defesa Civil no Barbante | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Usando roupas da Polícia Civil, fuzis e pistolas e se identificando como policiais da 35ª DP (Campo Grande), traficantes expulsos do Pavão-Pavão e de Antares, em Santa Cruz, também na Zona Oeste, tentaram invadir o Barbante liderado por um criminoso conhecido como Mosquitinho, que já chefiou o tráfico na comunidade antes da expulsão por parte dos milicianos da Liga - grupo armado que era comandado pelos irmãos Natalino Guimarães (ex-policial civil e ex-deputado estadual) e seu irmão Jeronimo Guimarães Filho, o Jerominho (também ex-policial civil e ex-vereador).

Na tentativa de invasão houve reação por parte dos milicianos, troca de tiros, um homem, identificado como Gleidson Almeida da Cruz, de 19 anos, foi morto a golpes de faca no pescoço e outras três pessoas baleadas, sem perigo - os feridos são uma mulher, de 30 anos, uma adolescente e um rapaz de 17 anos. Antes de fugirem, os bandidos incendiaram um carro Hunday, de placa KYK 4635, roubado na Tijuca, na Zona Norte.

Ao amanhecer, efetivos do 40º BPM (Campo Grande) foram chamados à comunidade para tentar encontrar os bandidos, que conseguiram fugir, depois de causar terror - pouco depois das 2h da madrugada, tiros e gritos acordaram os moradores. Gleidson teve sua casa, na Rua do Ouro, invadida pelos falsos policiais e foi arrastado e agredido a socos e pontapés por cerca de 100 metros, sendo levado para a Rua Boa Sorte, onde foi assassinado.

Gleidson foi assassinado pelo próprio Mosquitinho como vingança por ter mudado de lado e ajudado os milicianos. Os feridos são Ediléia Martins Sena, sua sobrinha Dáline Sena, e Fábio Cruz Lima, também de 17, estavam na porta de suas casas, localizadas na Rua dos Garimpeiros, em decorrência da falta de sono causado pelo forte calor. Os bandidos passaram atirando contra eles e, por sorte, ninguém foi morto.

Invasores aproveitaram pane de energia elétrica para invadir
Durante a manhã e início da tarde, informações circularam na comunidade de que corpos de outros dois homens teriam sido decapitados e jogados dentro da comunidade. Policiais do 40º BPM realizaram buscas, mas nada foi encontrado. Várias equipes da recem-criada Divisão de Homicídios (Barra da Tijuca), chefiadas pelo delegado Geniton Lages, estiveram no local com uma equipe de peritos da delegacia e iniciaram as primeiras investigações para esclarecer o caso.

Um morador, que não quis ser identificado, afirmou que os bandidos rivais aproveitaram a falta de energuia para invadir a favela. A pane durou, inicialmente, de 8h à meia-noite e depois voltou a faltar durante toda a madrugada.

"Eles se aproveitaram da escuridão e invadiram a favela. Tiros, gritos. Tudo isso assustou a gente, deixou muita gente em pânico", contou.

Durante as investigações no local, muitos moradores passavam informações falsas sobre o fato. Uma residente chegou a dizer aos policiais que milicianos que integram a milícia Chico Bala, chefiada pelo ex-sargento da Polícia Militar Francisco César Silva Oliveira, ajudaram os bandidos do Pavão-Pavãozinho e de Antares na empreitada, pois ele tem interesse que os remanecentes da Liga da Justiça saiam da favela do Barbante. A outra falsa denúncia é a de que o grupo de Chico Bala invadiu a favela do Barbante para expulsar os homens da milícia que pertencia a Natalino e Jerominho.

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