terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carboxiterapia só pode ser feita por médico

O procedimento estético que levou à morte a analista de sistemas Siomara Lima dos Santos, de 49 anos, na sexta-feira à tarde, numa clínica em Rio das Pedras, não podia ter sido feito por um fisioterapeuta. É o que garante o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Omar Lupi da Rosa Santos.

— Embora não seja reconhecida como eficaz pela SBD, a carboxiterapia (técnica que usa gás carbônico para atenuar celulite e estrias) é um ato médico. Só um médico pode aplicá-la — afirmou Omar. — O que acontece é que há clínicas em que os médicos não têm tempo para acompanhar tudo e repassam a responsabilidade desses procedimentos para fisioterapeutas. Há um descontrole total sobre isso. Por isso, acontece uma morte como essa — completou.

Ação na Justiça
A responsável pelo tratamento, a fisioterapeuta Marina de Oliveira Baptista, será indiciada por homicídio culposo (sem intenção de matar), segundo o delegado da 32 DP (Taquara), Leandro Aquino. O marido de Siomara, Fernando Campanelli de Moraes, disse que, se for confirmado que houve negligência, vai processar o Centro Médico e Estético — que funcionava sem alvará e foi interditado pela polícia.

— Estou esperando o laudo médico com a causa da morte, que sai em 30 dias — explicou ele: — Mas todas as vezes que fui à clínica, e foram umas cinco, não havia nenhuma médica, só a fisioterapeuta, que dizia também ser enfermeira. Achei estranho quando disseram que, no dia da morte dela, havia duas médicas lá.

Fernando afirmou que a saúde de sua mulher era muito boa. Os dois haviam acabado de fazer um check-up juntos e, segundo ele, nada de errado havia sido apontado nos exames dela.

O marido de Siomara protestou contra a falta de fiscalização das clínicas de estética e se mostrou revoltado com a posição do diretor jurídico do Sindicato dos Médicos do Rio, Ivan Arbex, que defendeu o funcionamento do Centro Médico e Estético mesmo sem alvará.

— Ele disse que clínica médica não precisa de alvará, que isso é só burocracia. Então por que qualquer um que quer vender cerveja na praia precisa de um? E olha que essa é uma atividade que não lida com vida e morte — disse Fernando, após o enterro de Siomara, ontem à tarde, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Extra Online

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