quarta-feira, 30 de maio de 2012

Em Japeri e Mesquita, é proibido nascer - Baixada Fluminense

Cíntia Cruz

Grávida de quatro meses, a dona de casa Érica Daiana Pinheiro, de 20 anos, espera poder dar à luz o segundo filho na sua cidade, Mesquita, onde hoje, a exemplo de Japeri, é "proibido" nascer.

Sem maternidade desde que o Hospital Universitário São José fechou há dois anos, o município se prepara para a inauguração do Hospital da Mãe, prometida para o dia 14. E a jovem Érica sonha ter seu bebê na nova unidade, na mesma rua onde mora, no bairro Rocha Sobrinho.

— Eu não tenho certeza ainda onde vai ser o meu parto. Faço pré-natal num posto aqui perto, mas os equipamentos lá estão ruins — conta Érica, que, até o terceiro mês de gravidez, ainda não tinha escutado o coração do seu bebê.

Já a dona de casa Juciara Isméria de Carvalho, de 21 anos, não teve tempo de esperar a inauguração da única maternidade pública na cidade. A sua terceira filha, Ágatha Isméria da Silva, nasceu no Hospital de Clínicas Belford Roxo, em 18 de abril, longe de Mesquita.

— Procurei atendimento na minha cidade, mas não encontrei. Passei mal no início de abril e o jeito foi vir para cá — diz Juciara.

O Hospital São José fechou em novembro de 2010, por estar fora do padrão da Vigilância Sanitária, o que impediu seu credenciamento no SUS. Ele funcionava num prédio que era cedido pela Universidade Iguaçu. Em seguida, fecharam as maternidades do Hospital Evangélico, em Paracambi, e da Casa de Saúde Doutor Ontiveros, em Japeri.

Faltam médicos

Segundo a Prefeitura de Mesquita, seria necessário um orçamento de cerca de R$ 1 milhão por mês para manter a maternidade em atividade. O secretário de Saúde, Alexandre Olivares, contou que Mesquita manteve aberta a unidade enquanto foi possível:

— Hoje vivemos um leilão por médicos. Teve um momento em que que não conseguimos mais acompanhar os salários pagos aos profissionais.

Nos primeiros 45 dias de funcionamento do Hospital da Mãe, será oferecido pré-natal. Para realizar o parto ali, no entanto, a gestante terá que passar por consultas na unidade.

— Cerca de 50% dos atendimentos vão ser para cidadãs de Mesquita. Os outros 50%, para grávidas de médio risco (adolescentes, hipertensas e diabéticas) — anuncia o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, acrescentando que serão 70 quartos para mãe e bebê e 12 salas de pré-parto e parto.

Extra Online

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