sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Chefe de Polícia Civil diz que irá continuar no cargo e chama policiais de traidores

Rio - O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, disse que não deixará sua função e chamou o delegado Carlos Oliveira, foragido da Operação Guilhotina, e todos os investigados pela Polícia Federal de traidores.

A declaração foi dada aos jornalistas na sede da PF, onde Turnowski prestou esclarecimentos durante horas na manhã desta sexta-feira.

Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

O chefe de Polícia Civil, delegado Alan Turnowski (de perfil) chega para prestar esclarecimentos ns sede da PF | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

“Para mim, desviou, é traidor. Policial que pega uma arma e vende pra bandido é pior que bandido”, disparou Turnowski, que já teve Carlos Oliveira como seu braço direito, quando este foi subchefe operacional da Polícia Civil.

Sobre sua permanência no cargo, Turnowski disse que deixa a decisão a cargo das autoridades. “Isso depende do secretário (de Segurança Pública) e do governador. Não tem motivo e nem é momento para eu sair.

Mas, caso aconteça, saio com a consciência tranquila”. Em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, reiterou sua confiança no chefe de Polícia.

Turnowski afirmou que foi chamado à PF para contribuir com as investigações. “Vim até aqui esclarecer algumas questões para a Polícia Federal, que tem uma rotina diferente da nossa”, disse ele, acrescentando que “para a instituição, é sempre ruim” que aconteçam devassas deste tipo dentro da Polícia Civil, prometendo investigar os policiais investigados.

Ação mobiliza 580 homens

A Operação Guilhotina foi deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira, com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MPRJ).

O objetivo é cumprir 45 mandados de prisão preventiva - sendo 11 contra policiais civis e  21 contra policiais militares -, e 48 mandados de busca e apreensão. Até o momento, 28 pessoas foram presas, sendo 16 PMs e seis civis.

Cerca de 380 homens da PF participam da ação, que ainda investiga a ligação dos policiais com venda de armas e informações e o chamado "espólio de guerra", que é a subtração de produtos de crime encontrados em operações policiais, como ocorrido na recente ocupação do Complexo do Alemão. Os agentes contam com o apoio de lanchas e helicópteros na operação.

As investigações iniciaram a partir de vazamento de informações numa operação conduzida pela PF em 2009,  que tinha como principal objetivo prender o traficante Rupinol, que atuava na Favela da Rocinha junto Nem, apontado como o chefe do tráfico na comunidade.

De acordo com a Polícia, um grupo de policiais é suspeito de receber até R$ 100 mil por mês para proteger Nem e o avisar sobre operações no local.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da SSP e outra da Superintendência da PF. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.

Entre os procurados pela operação, está o delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira, que é ex-subchefe da Polícia Civil. Ele é considerado foragido da Polícia Civil, uma vez que PFs chegaram nesta manhã com um mandado de prisão à sua casa em Campo Grande, Zona Oeste da cidade, e não o encontraram. 

Na manhã desta sexta-feira, as 17ª (São Cristóvão) e 22ª (Penha) DPs ficaram momentaneamente fechadas para que policiais pudessem cumprir mandados de busca e apreensão nas distritais.
A delegada Márcia Beck - titular da delegacia da Penha e que já havia trabalhado na DP de São Cristóvão - foi detida.

O delegado Ângelo Fernando Gióia, superintendente da PF, disse que durante os trabalhos dos agentes a delegada "exerceu uma conduta que as autoridades entenderam por bem levá-la para prestar esclarecimentos", até mesmo por ela ser a responsável por aquela distrital.

O DIA ONLINE

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