sexta-feira, 7 de maio de 2010

PMs que aparecem em imagens de baile funk em Itaboraí são presos

Polícia tenta identificar outros quatro PMs que aparecem em imagens.
Vídeo mostra possível organizador da festa em conversa com policiais.

Do RJTV

 

Os policiais do 35ª BPM (Itaboraí) que aparecem em imagens de um baile funk proibido num posto de gasolina, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, estão presos no batalhão. Os dois aparecem em imagens conversando com participantes da festa, que era realizada nos fins de semana.

Eles são acusados de negligência e suspeita de corrupção. Segundo a polícia, eles teriam recebido suborno para permitir a realização do baile funk. Os dois foram filmados por um morador que estava incomodado com o barulho do baile, que era realizado aos fins de semana. A Justiça interditou o posto de combustíveis.

Nas imagens, os policiais aparecem conversando e cumprimentando as pessoas. O comandante do 35º BPM esteve no Fórum do Rio para analisar o vídeo e determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para averiguar a conduta dos PMs.

“Eles estavam ali sem estar numa ocorrência. Colocaram ali uma pessoa que não deveria sentar dentro da viatura, estavam displicentes, então a transgressão é clara. Já vão responder podendo também incorrer num crime militar. Há indícios ali de um fato extremamente grave, que pode ser caracterizado como corrupção”, disse o relações-públicas da PM, tenente-coronel Lima Castro.

O posto de combustível fica às margens da Avenida Vinte e Dois de Maio, a principal da cidade. No início da noite de quinta-feira, agentes da 71ª DP (Itaboraí) e representantes do Ministério Público interditaram o posto, que tem ainda um lava-jato e uma lanchonete. A Polícia Militar está tentando identificar outros quatro policiais que aparecem nas imagens.

Imagens foram gravadas por morador

Nas imagens feitas pelo vizinho do posto, aparecem menores e venda de bebida alcoólica. O autor do vídeo afirma que está recebendo ameaças de morte. “Hoje, eu estou ameaçado. São policiais que têm conhecimento que eu tinha uma gravação que supostamente os envolvia. Por isso, eu tive que ir ao Ministério Público e vou ter que sair da cidade”, afirmou o vizinho do posto. “Não tenho como mais como ficar em Itaboraí. Construí minha vida na cidade e, hoje, não tenho mais como ficar”, concluiu.

Apesar de serem proibidos, bailes funk eram realizados no local frequentemente. Segundo a polícia, eventos deste tipo estavam proibidos desde agosto de 2009. Para que se promova qualquer evento público no Rio de Janeiro, independente de ser ou não um baile funk, é necessário obter um documento chamado “Nada a Opor”, concedido pela Polícia Militar.

A PM não tinha dado o “Nada a Opor” para o baile funk no posto, que, consequentemente estava ilegal, sem cumprir as determinações da Secretaria de Segurança Pública para a promoção de eventos públicos.

A advogada do dono do estabelecimento, Angélica Ramos, disse que não sabia sobre as festas. “A loja de conveniência é pessoa jurídica diferente do posto, e recebeu notificações, mas não passou para o posto. Nós chegamos e tivemos esta surpresa da interdição, porque desconhecíamos a situação”, afirmou a advogada.

Durante pelo menos seis meses, o morador, que é vizinho do posto e prefere não se identificar, cansado do barulho das festas, decidiu filmar o que acontecia nos fins de semana. Uma multidão dança, ouve música e conversa. Muitos fumam perto de bombas de gasolina. De acordo com os investigadores, são centenas de jovens, alguns menores de idade. A loja de conveniência vendia bebidas alcoólicas livremente. O barulho sai de potentes alto-falantes.

Imagens mostram negociação suspeita

Mas uma cena chama a atenção: os policiais militares chegam e o funk continua. Um homem de camisa preta seria um dos organizadores do baile ao ar livre. Ele se aproxima dos policiais e puxa a carteira. Parece contar dinheiro. Depois, entra no carro do Batalhão de Itaboraí - viatura 54-3737 - com um dos PMs. Em seguida eles saem e se despedem. As viaturas vão embora.

O morador que registrou tudo, agora, está ameaçado de morte e teve que deixar a cidade. Agentes do Ministério Público estão dando proteção ao morador. “A testemunha está sendo ameaçada e, agora, está com proteção do Ministério Público. A gente vai tomar os procedimentos normais. A advogada do posto já foi notificada da situação vai apresentar a defesa, se é que cabe defesa”, afirmou o delegado Luiz Antônio Ferreira.

G1 - notícias em Rio de Janeiro

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