terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Delegado vai apurar sobre 'gatonet' e venda de segurança ilegal em Del Castilho

Segurança irregular e gatonet cobram taxa, oferecem serviços e emitem recibo na rua do coronel que ocupa o cargo mais alto na PM, na Zona Norte. Favelas vizinhas são chefiadas por milícias
Bartolomeu Brito

Rio - O delegado Luiz Archimedes, titular da 23ª DP (Meier), vai abrir sindicância para apurar sobre a venda de segurança ilegal e de “gatonet” nas ruas de Del Castilho, Zona Norte, onde mora o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta Lopes. Na tarde desta terça-feira, soldados do 3º BPM (Meier) prenderam Denilson Nogueira Melo, de 39 anos, um dos seguranças da região, que “prestava serviço” na Rua São Gabriel, paralela à rua onde Pitta mora.
Desde 2006, um grupo cobra, ilegalmente, uma taxa de segurança aos moradores. São R$ 20 por mês pedidos em nome da associação de moradores do bairro. Além disso, o bando ainda explora uma rede de TV a cabo clandestina — ou gatonet —, cuja mensalidade é de R$ 30.
O Secretário Nacional de Segurança Pública, Antonio Carlos Biscaia, lamentou o fato e disse ter certeza de que Pitta irá tomar providências e coibir as práticas ilícitas. Na manhã desta terça-feira, os seguranças que andavam com camisetas pretas escrito PAZ sumiram e o “gatonet” foi desligado.
Os policiais descobriram que Denilson respondia a 12 mandados de prisão e também a crimes de morte e assalto no Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Campos Elísios e Petrópolis. Estava condenado há mais de 20 anos e tinha sido colocado em liberdade condicional no fim do ano.
“Me apresentei a um homem chamado Edevaldo e comecei a trabalhar há 12 dias, das 8h às 21h, e ganhava R$ 400”, disse Denilson, que só andava com um aparelho de rádio-comunicação e, quando tivesse uma ocorrência, tinha a ordem de ligar para o 190.
O clima era de tensão nas ruas próximas à casa do comandante da PM. O prédio da Associação dos Moradores, cuja direção vinha cobrando taxa de segurança e “gatonet”, não funcionou nesta terça-feira.
Patrulhas do 3° BPM e da 23ª DP (Méier) percorreram as ruas para tentar identificar os possíveis "seguranças". Apesar da ausência deles, um homem de roupa preta rondava as ruas de Del Castilho em uma motocicleta. Deu umas dez voltas e depois seguiu o carro de reportagem de O DIA.

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