quarta-feira, 4 de abril de 2012

'Ninguém vai trabalhar com gosto de sangue na boca', diz Beltrame

Secretário de Segurança comentou morte de policial e disse que é necessário manter o planejamento para a Rocinha

POR Flavio Araújo

Rio - A morte do cabo da Polícia Militar Rodrigo Alves Cavalcante, de 32 anos, não vai alterar o planejamento da Secretaria de Segurança para a Favela da Rocinha. É o que garantiram, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o comandante da Polícia Militar, Erir Ribeiro Costa Filho, e a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha.

"Ninguém aqui vai trabalhar com gosto de sangue na boca. Existe um planejamento para a Rocinha", explicou Beltrame.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Major exibe foto do suspeito aos policiais | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Beltrame reconheceu os problemas enfrentados durante o processo de pacificação da favela da Zona Sul da cidade. De acordo com o secretário, uma das principais dificuldades para neutralizar a influência dos criminosos nesta região é a topografia, além do longo tempo que a Rocinha passou sob o domínio do tráfico.

"Não vamos desfazer em quatro meses o que a ditadura do tráfico fez em quatro décadas. Tudo que o inimigo da paz quer é que recuemos. Isto não vai acontecer de forma alguma", afirmou, enfaticamente.

Beltrame reconheceu que houve problemas em todas as áreas onde foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Ele acredita, no entanto, que as UPPs são absolutamente necessárias para que estas áreas não sejam dominadas por bandidos.

A PM vai manter a partir de sexta-feira cerca de 180 homens por turno no patrulhamento a pé, com motocicletas, de carros e a cavalo, o que representa um aumento no efetivo. A corregedoria da PM investiga ainda a denúncia de corrupção de agentes do Batalhão de Choque. Policiais teriam recebido propina para fazer "vista grossa" para o funcionamento do tráfico nas regiões da Rocinha e do Vidigal.

Enterro do PM

O corpo do PM morto na Favela da Rocinha, será sepultado nesta quinta-feira, às 10h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste. Rodrigo foi morto no início da madrugada desta quarta-feira, durante patrulhamento na comunidade.

Segundo a PM, Edilson Tenório de Araújo é o principal suspeito do crime. Ele abandonou uma mochila com documentos e munição 9 milímetros, a mesma que matou o militar, após ter atirado no policial. Edilson ainda conta com duas passagens por tráfico de drogas.

"Os policiais contaram que o cabo Rodrigo foi abordar um homem em atitude suspeita e mandou que ele parasse. O suspeito correu e atirou para trás. Foi quando o policial foi atingido. O homem fugiu e abandonou a mochila. Não foi uma ofensiva contra a Polícia Militar, o bandido tentou se proteger", disse o major Edson Santos, coordenador de policiamento da comunidade.

O cabo Rodrigo foi baleado na axila durante um patrulhamento na comunidade, ocupada pelas forças de segurança desde novembro do ano passado, após a prisão do então chefe do tráfico de drogas Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Socorrido por colegas no Hospital Miguel Couto, na Gávea, o PM não resisitiu ao ferimento. É a nona morte na comunidade nos últimos 39 dias.

O Dia Online

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