segunda-feira, 16 de abril de 2012

Comandante do batalhão de Niterói quer levar gabinete para o Morro do Preventório

Rio - O comandante do 12º BPM (Niterói), coronel Wolney Dias, pretende transferir seu gabinete para o Morro do Preventório, em Charitas, na Zona Sul de Niterói. O escritório deve ser improvisado num trailler de monitoramento e está previsto para ser instalado nos próximos dias. A comunidade seria um dos principais destinos de criminosos que migraram do Rio para Niterói.

O governo anunciou na última semana medidas para combater a onda de violência que tomou conta de Niterói. Entre elas estão a criação de duas Companhias Destacadas do 12º BPM (Niterói) com 100 PMs cada, em no máximo 10 dias; uma base da Polícia Montada e reforço do patrulhamento com mais 33 motos e 44 soldados.

As companhias destacadas serão instaladas no Morro do Cavalão, que faz patrulhamento também na favela Souza Soares, e no Morro do Estado, que atenderá a comunidade do Palácio. A polícia montada faz parte do Projeto Garupa: três motos patrulham juntas, uma com policial armado na garupa. O batalhão foi reforçado com 122 PMs e 22 viaturas. As tropas montadas começarão a atuar em no máximo 15 dias.

Corpo de vítima é sepultado

Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Corpo de Maria Aparecida foi sepultado no Maruí | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

O corpo de Maria Aparecida dos Santos Antonio, morta após ser baleada na Favela Sítio de Ferro, em Niterói, foi enterrado na manhã desta segunda-feira, no cemitério do Maruí. "É uma dor inexplicável. A violência na cidade tem que acabar. Niterói não é mais a mesma. Se pudesse, ia embora daqui", desabafou neste domingo Janaína Antônio de Oliveira, de 22 anos, filha de Maria Aparecida. Neste domingo, cerca de 100 pessoas participaram de protesto na Praia de São Francisco, pedindo reforço no policiamento, mesmo após aumento de mais de 100 homens no efetivo do 12º BPM (Niterói).

Os seguidos crimes em Niterói já haviam assustado a balconista, moradora da Garganta, mas ela nunca imaginou que a violência iria bater à porta de sua casa. A mãe dela, sentada no portão de casa enquanto conversava com vizinho, foi atingida por tiro de fuzil na cabeça, durante operação da PM. “Foi desesperador. Quando minha irmã, que está grávida de dois meses, saiu de casa, viu a mamãe no chão, morta”, contou Janaína.

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Ainda segundo ela, vizinhos no Sítio de Ferro afirmam que não houve troca de tiros e que os PMs chegaram atirando. Moradores da comunidade tentaram bloquear a Estrada Francisco da Cruz Nunes com um caminhão e um ônibus.

IPM É ABERTO

A PM informou que as armas dos policiais foram apreendidas para análise e uma viatura está no local para garantir a segurança dos moradores. O coronel Wolney Dias, comandante do 12ºBPM (Niterói), determinou também abertura de Inquérito Policial-Militar para apurar a morte. O caso está na 77ª DP (Icaraí).

Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram operações em favelas de Niterói, ontem de madrugada. Segundo a unidade, não foram registradas apreensões ou prisões até às 7h. Segundo o 12º BPM, a madrugada foi calma em toda a cidade.

Maria ficou soterrada em desabamento

Há dois anos, durante as fortes chuvas daquele início de abril, Maria Aparecida venceu a morte após ficar soterrada no desabamento de sua antiga casa, na comunidade da Garganta. Ela perdeu tudo: documentos, móveis e roupas. Com os R$ 400 que recebia do Aluguel Social, ela vivia na comunidade Sítio de Ferro, em Pendotiba. “Minha mãe estava adorando morar lá no Sítio de Ferro. Sempre comentou que o lugar era muito tranquilo e não queria sair mais da comunidade. Eu nunca soube que lá tinha tráfico, gente armada. Nunca teve tiroteio. Era uma paz só”, conta Janaína de Oliveira.

Segundo a filha, Maria Aparecida deixaria a comunidade na próxima semana, porque a proprietária que alugava a casa pediu o imóvel. “Ela ia sair, já estava procurando outra moradia. Ia voltar para a Garganta e só não foi semana passada porque não achou uma nova casa”, lamenta.

Faixas para criticar governo

Cerca de 100 pessoas fizeram protesto ontem, na Praia de São Francisco, em Niterói. Com cartazes e bandeiras, manifestantes pediam um batalhão de polícia exclusivo para a cidade, já que o atual também é responsável pelo patrulhamento de Maricá.

O filho do médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, 65 anos, morto a tiros em assalto na garagem de seu prédio em Icaraí, participou do protesto.

“Juntando o efetivo de Niterói, Maricá e São Gonçalo, há menos do que na Rocinha” criticou Carlos Eduardo Carvalho, 26 anos.

Assaltada dentro de casa há um mês, Luciana Costa também reclamou: “É absurdo ter que pagar segurança particular porque o Estado não consegue oferecer”.

O Dia Online

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