segunda-feira, 16 de abril de 2012

PM é detido acusado de sequestrar e estuprar jovem, mas consegue fugir de delegacia

Wilson Mendes

Uma jovem de 21 anos foi rendida, sequestrada e estuprada por um policial militar, na madrugada de domingo, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

O acusado, o sargento do 17º BPM (Ilha do Governador) Frank Cimar Barbosa de Oliveira Souza, de 39 anos, chegou a ser detido, mas conseguiu fugir de dentro da 35ª DP (Campo Grande).

À noite, a Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva do sargento.

Pai da vítima abraça a filha na delegacia: medo e revolta

Pai da vítima abraça a filha na delegacia: medo e revolta Foto: Fábio Guimarães

A mulher e o namorado caminhavam para a casa dela, no sub-bairro São Jorge, por volta de 1h30m, quando foram abordados por Frank, na Rua Moranga. O policial estava no Siena preto placa KNZ 7586 e portava uma pistola PT 380 carregada.

— Ele saiu do carro, disse que era policial, me revistou e pediu meus documentos. Disse que suspeitava que eu fosse traficante e me mandou ficar olhando para um poste, sem olhar para a cara dele. Minha namorada estava sem documentos. Então ele disse que teria que levá-la para conferir com a família dela o que ela fazia na rua. Ele fez muitas perguntas — narra o namorado, também de 21 anos.

Ainda segundo o rapaz, o policial ameaçou "estourar a cabeça" dele, caso olhasse para trás antes que o carro partisse. Depois que Frank deixou o local com a jovem, o namorado ligou para o irmão da vítima pedindo ajuda.

Carteira do soldado PM Frank Cimar Barbosa de Oliveira Souza

Carteira do soldado PM Frank Cimar Barbosa de Oliveira Souza Foto: Fabio Guimarães

O irmão começou a fazer buscas, de carro, pelas ruas do bairro. Ao avistar o Siena preto do suspeito, ligou para a Polícia Militar, pelo 190. O carro estava em movimento, a poucas ruas de onde o casal foi abordado, e parou próximo à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da região.

O irmão da vítima, então, pediu ajuda a policias militares que estavam na Deam, dizendo que a jovem estava em poder de um homem armado. Os PMs abordaram o carro onde estavam Frank e a jovem. Os dois foram levados à 35ª DP.

— Persegui o carro dele, mas ouvi o conselho do atendente do 190 para não fazer a abordagem. Se tivesse feito, talvez minha irmã não tivesse sido estuprada — lamentou o irmão da vítima.

Beltrame diz que caso é ‘gravíssimo’

Apesar de ter sido levado para a delegacia, o sargento Frank Cimar continua em liberdade. Ele conseguiu fugir de dentro da 35ª DP. O caso foi considerado "gravíssimo" pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que determinou à Corregedoria Geral Unificada (CGU) que acompanhe as investigações.

A Polícia Civil, por sua vez, alegou que o caso não foi encaminhado ao balcão de atendimento pelos PMs.

— Militares que estavam na delegacia saíram para atender um jovem que dizia que sua namorada fora sequestrada. Depois, o caso não foi apresentado ao balcão. Só quando a vítima chegou foi feito, por ela, contato.

Quando soube da gravidade do caso, mandei dar voz de prisão ao acusado, mas ninguém sabia onde ele estava — declarou a delegada-assistente da 35ª DP Elaine Villar.

O Siena preto utilizado pelo sargento foi periciado na delegacia

O Siena preto utilizado pelo sargento foi periciado na delegacia Foto: Fábio Guimarães

Ainda segundo a Civil, por se tratar de um PM, ele deveria estar sob cautela da própria corporação. Além disso, por ter praticado crimes hediondos, deveria estar algemado.

Policiais militares no local disseram que os companheiros entregaram o caso à DP e que Frank já estava do outro lado do balcão. Alegaram também que apenas um inspetor trabalhava no atendimento, o que pode ter facilitado a fuga.

Parentes da vítima afirmam que o sargento tinha liberdade na delegacia.

— Ele estava lá dentro, andando e falando ao telefone — denuncia a mãe da vítima.

A PM informou que vai investigar o envolvimento de Frank no estupro e que ele está sendo procurado. A Corregedoria da PM vai apurar a conduta dos policiais militares que efetuaram a prisão.

A delegada Elaine Villar instaurou sindicância na DP e autuou, por favorecimento pessoal, os policiais que efetuaram a prisão. Por fim, disse que a equipe da delegacia estava completa.

Depoimento: X., irmão da vítima

“Quando o telefone tocou, e meu cunhado disse que tinham levado minha irmã, eu fiquei desesperado. Peguei o carro e comecei a procurar o Siena preto pelas ruas.

Quando achei, liguei para o 190, e fui orientado a não abordar, porque o suspeito estava armado, e eu não sabia quantos estavam no carro.

Fiquei esperando o socorro até que a polícia chegou e retirou o criminoso do carro. Minha irmã estava muito nervosa. Quando disse o que fizeram com ela, fiquei arrasado.

Fico me perguntando se eu não poderia ter evitado isso, se tivesse abordado o carro assim que o encontrei. O que ele fez não tem justificativa. A minha irmã não merecia passar por isso”.

Extra Online

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