sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Redes de solidariedade pelas vítimas unem até os dois lados do Atlântico

Luiz Ernesto Magalhães, Marcelo Dutra e Ludmilla de Lima

Equipe de resgate de ONG espanhola, com cães farejadores, participa da busca por corpos em Friburgo/ Foto: Marcelo Piu

RIO - A corrente de solidariedade formada após as enchentes na Região Serrana do Rio, atravessou o Atlântico e chegou à Suíça, mais precisamente à região de Fribourg, terra de origem da maior parte dos imigrantes que fundaram Nova Friburgo no século XIX.

Como divulgou a BBC Brasil, as prefeituras de Friburgo e de Fribourg, o estado de Fribourg, a Associação Fribourg-Nova Friburgo e a organização Cáritas Suíça — ligada à Igreja Católica — se comprometeram a ajudar as vítimas da tragédia. (Solidariedade sem fronteiras)

Como ajudar as vítimas da chuva

A verba inicialmente investida seria de 180 mil francos suíços (R$ 315 mil). A prefeitura de Fribourg prometeu doar 30 mil francos suíços (R$ 52 mil), enquanto o estado de Fribourg anunciou a doação de 100 mil francos suíços (R$ 175 mil).

Os suíços querem que o valor seja destinado à reconstrução de hospitais e escolas e à prevenção de novas catástrofes. Já a Cáritas Suíça ajudaria com o envio de gêneros de primeira necessidade. A organização prometeu uma contribuição de 50 mil francos (R$ 88 mil).

— Eles (os suíços) têm uma relação fraternal conosco. Afinal, há descendentes deles aqui que estão desabrigados ou, na melhor da hipóteses, sofrendo de perto com toda essa tragédia— disse Bráulio Rezende, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Friburgo.

Nesta semana, o Consulado da Alemanha no Rio informa que a primeira parte ajuda enviada pelo governo alemão aos feridos e desabrigados em virtude das fortes chuvas ocorridas no estado do Rio de Janeiro na última semana começará a chegar ao Brasil esta semana.

No valor de quase 190 mil euros (170 mil deles vindos de fundos do Governo Federal alemão), a ajuda humanitária será coordenada pela Humedica do Brasil, filial brasileira da Humedica Internacional, uma Organização Não-Governamental com sede na Alemanha cujo objetivo é dar assistência a vítimas de catástrofes e guerras.

A Humedica do Brasil está localizada no município fluminense de Nova Friburgo, um dos mais afetados pela tragédia, e onde moram muitas famílias descendentes de alemãs. A iniciativa deverá atender cerca de 8.500 pessoas até março deste ano.

ONG espanhola usa cães farejadores nas buscas

Funcionário de um cassino em Póvoa do Varzim, Portugal, o crupiê Paulo Leite integra uma equipe de sete membros da ONG K-9 de Creixell (cidade espanhola na Catalunha), que percorre o mundo com cães farejadores para ajudar em resgates. O grupo escalado para atuar na Região Serrana já passou por Teresópolis e ontem chegou a Nova Friburgo. A equipe tem sete pessoas: três brasileiros, três espanhóis e um português.

Parte se concentrou ontem na localização de vítimas de um deslizamento que destruiu uma fazenda nas imediações do bairro Campo do Coelho.

Em Teresópolis, nós localizamos 30 corpos. Sabemos que os brasileiros estão chocados e evito comparações com outras tragédias. Mas já enfrentei situações ainda mais dramáticas. No Haiti, estava em uma equipe que encontrou 200 crianças mortas em uma escola — disse Paulo Leite.

Assim que souberam dos primeiros sinais da tragédia na Região Serrana, as sócias Titina Cícero e Nora Duarte, donas de uma pousada em Lumiar, não pensaram duas vezes: partiram para Nova Friburgo com o objetivo de ajudar os moradores.

Há dez dias, as duas trabalham sem descanso no auxílio aos desabrigados e às famílias que estão isoladas. Titina, que é chef de cozinha, passa cerca de doze horas por dia entre panelas no Ciep Licínio Teixeira, no bairro de Olaria, coordenando a preparação do cardápio indicado por nutricionistas da prefeitura. Lá, estão mais de cem pessoas que perderam tudo na enxurrada.

— O momento é de ajudar e não tenho data para ir embora — diz Titina, que ontem à tarde ajudava a fazer o jantar: legumes ao creme branco, frango acebolado, feijão carioca, arroz e salada mista. — Eu nunca fui tão bem remunerada. Tenho que agradecer por poder ajudar.

Extra Online

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