sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Apesar de cem imóveis estarem interditados no Morro do Lazareto, em Friburgo, parte das famílias retornou ao local

Luiz Ernesto Magalhães

Em Lazareto, casas podem desabar (Fotos: Gustavo Stephan / Agência O Globo)

RIO - Parte das famílias que viviam nas mais de cem casas interditadas pela Defesa Civil, logo após as chuvas, no Morro do Lazareto, em Nova Friburgo, já retornou, apesar de a área ser considerada de risco.

Houve moradores que nem mesmo deixaram suas residências. A ocupação das casas numa região onde 11 pessoas morreram foi possível porque lá ainda não foi adotada a estratégia empregada pela Defesa Civil no Alto Floresta, onde os imóveis em áreas de risco foram demarcados e estão sendo demolidos. As casas no Lazareto não foram isoladas por fitas.

O morro está na lista de áreas que poderiam receber recursos, este ano, na segunda fase do PAC. O projeto apresentado ao governo federal prevê investimentos de R$ 2 milhões em obras de contenção, que deveriam começar até o fim do primeiro trimestre. Agora, no entanto, a análise das condições das encostas no Lazareto depende de estudos geológicos mais aprofundados.

( Antes de catástrofe, cidades da Região Serrana já tinham mapeado 42 mil moradores em áreas de risco )

Para o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo, José Augusto Spinelli, que vistoriou o local dias depois da enxurrada, seria recomendável, devido ao nível de inclinação dos terrenos e aos riscos de deslizamentos, que toda a comunidade fosse removida:

— Existem algumas casas que até poderiam permanecer, porque não correm o risco de desabar. Mas, se a encosta não for toda esvaziada e reflorestada, isso servirá de estímulo para que outras áreas voltem a ser ocupadas.

Lazareto, bairro condenado em Nova Friburgo (Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo)

Renato Barbosa da Silva, funcionário da Defesa Civil de Friburgo, morador de um dos imóveis interditados, está na casa de parentes. Ele defende investimentos em obras de contenção para que os moradores possam permanecer.

— A realidade é que em Friburgo tudo pode ser considerado área de risco. Se você mora na encosta, a ameaça é de deslizamentos. Se mora no asfalto, pode enfrentar enchentes — disse.

Comerciantes contam que moradores do bairro chegaram a ficar isolados por mais de um metro de altura de lama.

— Foi a população que abriu caminho em meio à lama — contou o mecânico Jorge Taveira.

Maria de Fátima dos Santos chegou a ficar com seis parentes em abrigos. Mas ontem voltou com a família:

— Nos abrigos, há muita gente. Como não está chovendo, acho que não há perigo.

Ontem, os abrigos públicos de Friburgo e de outras cidades receberam o reforço de 40 voluntários de diversos estados, cadastrados pela Secretaria estadual de Assistência Social.

— Entrei de férias e estava com viagem marcada. Mas desisti porque sei que serei útil aqui — disse a psicóloga Cláudia Pinho, moradora de Campo Grande (MS).

Extra Online

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