segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Operação Purificação: escutas revelam que PM prestou depoimento em favor de traficante em Caxias

Traficante diz que advogado combinou o teor do depoimento do policial

Marcelo Bastos, do R7

pms

Osvaldo Praddo/Agência O Dia

As investigações que resultaram naOperação Purificação, desencadeada ontem, pelas polícias Federal e Militar, Ministério Público e Subsecretaria de Inteligência, revelam que um PM teria prestado depoimento favorável a um traficante para evitar que ele fosse condenado pela Justiça. Durante a operação, 63 PMs foram presos e quatro continuavam foragidos até a última terça-feira (4).

No dia 27 de maio, policiais do Batalhão de Duque de Caxias (15º BPM) prenderam Jeferson Ferreira Abrantes, o Nando, e apreenderam um menor com drogas e um revólver calibre 38. O caso foi registrado na Delegacia de Imbariê (62ª DP). Três dias depois, Nando faz contato por telefone com um traficante da favela Vai Quem Quer e pede para o comparsa “desenrolar” com o policial, a quem chama de “cachorro”.

Um outro traficante diz a Nando que o policial vai depor de forma favorável a ele. O traficante diz que o menor também iria confessar que toda a droga era dele. Durante a conversa, o criminoso diz a Nando que o “verme”, referência ao policial, iria dizer que não encontrou nada com Nando.

Em outra conversa telefônica, captada no dia 26 de agosto, Nando demonstra preocupação com a audiência judicial sobre o caso e com o “acertado” entre o traficante e o segundo sargento da PM, que conduziu a ocorrência na delegacia.
O traficante diz a Nando que tudo estava sob controle, que já tinha falado com o policial na sexta-feira e o PM não atribuiria responsabilidade a Nando pela posse das drogas e do revólver.  O comparsa de Nando diz até que o advogado chegaria mais cedo ao Fórum para combinar com o PM o que ele deveria dizer.

Já no dia 28 de agosto, o traficante que conversava com Nando diz a uma mulher que integrava a quadrilha para levar o advogado até o encontro do policial no Fórum. O traficante passa informações sobre a descrição física do policial, o que, para o Ministério Público, é uma demonstração da intimidade entre policiais e traficantes.

Em abril, Nando, que era considerado foragido da Justiça, foi extorquido pelos PMs, que receberam R$ 1.500 para não prendê-lo.

r7.com/rio

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